Considerado um dos maiores lançamentos do ano, The Martian (Perdido em Marte, no Brasil) aposta no talento de Matt Damon para prender a atenção dos espectadores durante as duas horas e vinte minutos de exibição.
Ultimamente os produtores de Hollywood têm apostado alto nas ficções que envolvem a exploração especial. Gravity chamou a atenção pelos efeitos; Interstellar, levou ao público uma história típica de Nolan. Mas, ao contrário do que se possa imaginar, as coincidências dentre os dois filmes citados com The Martian para por aqui.
A diferença já começa na escrita: a obra homônima de Andy Weir, lançada em 2011, pecava pela falta de estrutura entre os diálogos. Mas nada que tornasse a leitura uma experiência cansativa – muito pelo contrário: Weir reconheceu suas deficiências e apostou alto na ciência nua e crua. Uma gigantesca diferença de Interstellar, por exemplo, que dá explicações superficiais e coloca como chave teorias sem cunho científico – que, por sua vez, geraram altas discussões na comunidade acadêmica.
Weir passou pela mesma prova ao ter sua obra apreciada por estudiosos do mundo todo. A diferença é que o diretor Ridley Scott deixou clara sua visão de manter toda a estrutura original do livro homônimo ao seu filme, o que é notado desde os primeiros minutos do longa. Deste modo, todas as explicações do protagonista de certa forma já foram discutidas em peso pelos pares de Weir (é claro que Hollywood sempre acha um jeito de diminuir polêmicas e Scott preferiu ocultar alguns detalhes pequenos sobre a trajetória do homem que foi esquecido em Marte).
A história adaptada por Drew Goddard começa mostrando os detalhes da missão Ares 3, responsável pela exploração de Marte. Durante uma caminhada no solo do Planeta Vermelho, Mark Watney (Damon) acaba atingido por uma forte tempestade de areia. Seus companheiros voltam para a nave para a evacuação, e sua capitã, Melissa (Jessica Chastain), acaba sendo convencida pelos seus companheiros de que Mark foi morto. É então que ela toma a decisão de o deixar para trás. A partir daqui, Scott tira proveito da competência de sua equipe técnica e investe na exploração dos diários de Watney.
De modo geral, os filmes de um homem só são trágicos e despertam sentimentos que variam da solidão até à depressão. Até por enrolar no roteiro a história secundária do resgate de Watney e a repercussão do caso no Planeta Terra, The Martian foge completamente a regra. Com muito bom humor, Damon consegue tirar boas risadas com a improvisação deliciosa de seu personagem para se manter vivo. Outro fator relevante: Scott manteve a pegada de Weir e não deixou a história cair em um chato looping de melodrama. Existem momentos de tensão, existem momentos de decisão, mas nunca Watney é visto como um coitado (e ele mesmo não faz questão de ser, afinal, ele era o ‘maior biólogo de Marte’ – e também o ‘primeiro pirata espacial’, pegando algumas de suas linhas). Neste ponto, a trilha sonora de alto astral ajudou muito.
Jeff Daniels e Chiwetel Ejiofor comandam o elenco de apoio que relatam o dia a dia da NASA para arrecadar fundos e organizar a missão de resgate. A ótima contextualização e a excelente estruturação da edição do filme fazem jus aos milhões de dólares gastos pela Fox. Tiro certeiro.
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NOTA: 8/10
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