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Artic – 2018

Joe Penna soube aproveitar as oportunidades. Após conquistar fama no Youtube, o brasileiro apresenta seu primeiro longa metragem, Artic. Joe deixou claro que esbanja criatividade – e foi exatamente por isso que fiquei surpreso já nos minutos iniciais do filme, que propõe uma história com bom desenrolar – apesar das inúmeras dificuldades e desafios envoltos no gênero.

Mads Mikkelsen interpreta um homem que busca sobreviver após sofrer um acidente de avião no círculo polar ártico. Só que durante seu resgate, um outro acidente acaba comprometendo ainda mais a situação.

O primeiro ponto que deve ser aplaudido é a coragem: um filme sem diálogos é muito difícil de ser distribuído, e merece um marketing certeiro para conquistar o público. Foi isso que a Blecker fez nos Estados Unidos, com um bom desempenho de bilheteria. Fora isso, a aposta em Mads Mikkelsen foi perfeita: o ator demonstra total entrega e dedicação no papel, passando pela sua interpretação toda fonte de credibilidade da história.

Filmes de sobrevivência buscam tirar do espectador uma tensão – por vezes artificial demais – e também pode ter como objetivo direcionar toda estrutura narrativa para fora da tela e mandar a pergunta: “e se isso ocorresse com você, o que faria?’”. É difícil não imaginar isso em Artic, pois a brutalidade da condição climática torna hora vivo em uma pequena vitória. Pelo fato de não ter com quem conversar – e de carregar um personagem extra nas costas, literalmente – Mikkelsen é beneficiado pela grande variedade de ângulos e com desafios interessantes.

É quase que celebrado neste gênero um escape que acaba tornando mais fácil a situação do protagonista, sabendo que é muito mais fácil articular um encerramento com um final feliz. É fato que Artic também vira refém disso, mas deixa para o segundo final, justamente na cena de fechamento – que é tratada como a última luz para a sobrevivência. Foi ótimo notar que o filme deixa bem claro que viver é bem diferente de sobreviver, e durante toda rodagem essa noção é evidenciada conforme observamos os planos do homem e os perigos de tudo que o cerca.

Do ponto de vista técnico, é bem complicado conduzir uma trama no gelo, especialmente pelo clima inóspito. A fotografia, neste ponto, tem um papel fundamental para promover um dinamismo, ainda que sutil. A decisão de apostar em long shots – ainda que completamente justificada no plano teórico – provavelmente torne a experiência final restritiva. Quero dizer com isso que Artic, portanto, é um filme de nicho, voltado para um público que aprecia a construção lenta e especialmente a comunicação não verbal. Grande ponto inicial da carreira de Joe, que deixa também uma boa impressão de Mads, que recentemente participou do fraquíssimo Polar.

NOTA: 7/10

IMDb

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