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Christine - Crítica do filme

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Christine – 2016

A história de Christine Chubbuck é extremamente popular nos Estados Unidos. A maioria dos americanos sabem como ela termina – e é por isso que a construção da mesma seja ainda mais interessante para aqueles que nunca ouviram falar dessa jornalista. A incrível atuação de Rebecca Hall e a direção segura de Antonio Campos fazem deste filme uma das grandes surpresas de 2016.

No dia 15 de julho de 1974, Christine Chubbuck (Rebecca Hall) suicidou-se ao vivo, em seu programa de televisão. Ela tinha um histórico de depressão, muito por conta de um problema em um ovário, que afastava aos poucos seu sonho de ser mãe. Após perder uma oportunidade de emprego em Baltimore, ela fez deste episódio uma forma de protestar conta a nova política de jornalismo de seu canal, que promovia sangue e violência para conseguir audiência.

É notório que muitas pessoas chegam neste filme por conta da curiosidade de ver no cinema uma cena icônica que tomou conta da cabeça da população na década de 1970. Até hoje, o vídeo do suicídio jamais foi liberado, e o que restou foi a descrição dos detalhes do caso passadas pelos espectadores e pelos colegas envolvidos naquele fatídico dia.

A interessante química de Rebecca com Michael C. Hall (que interpreta o âncora do jornal), é um dos destaques desta produção. O ótimo roteiro de Craig Shilowich traz uma sequência de diálogos que esclarecem muitos pontos por trás de várias lendas urbanas criadas na internet. O principal é entender todo o contexto por trás do suicídio. Não foi um ato isolado, Christine não chegou na estação de TV e decidiu acabar com sua vida de uma hora pra outra. Ainda que não se possa ler os pensamentos de Christine, seus comportamentos e seus dramas pessoais entregam pistas, que são reunidas em episódios contados ao longo das duas horas de duração (especialmente no que diz respeito a sua decepção no amor e na vida profissional).

Christine tem tudo para aparecer na temporada de premiações, especialmente na categoria de melhor atriz, tamanha a entrega de Rebecca. Chega a ser assustador observar a grande transição que ocorre na vida de Christine em menos de dois anos – e essa fiabilidade deve-se exclusivamente à atriz. O brilho de seus olhos e a entonação das palavras mudam – e ela perde toda a alegria da vida. O filme certamente será utilizado por professores de comunicação social no futuro. Especialmente no Brasil, onde desenvolveu-se a cultura da violência na televisão, com um alarmante número de programas policiais que cada vez mais deixam de lado o pudor para conseguir alguns pontos a mais de audiência.

* Filme visto no Festival do Rio 2016

NOTA: 8/10

IMDb

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