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Certas Mulheres - Crítica do filme

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Certain Women (Certas Mulheres) – 2016

Os filmes de Kelly Reichardt são reconhecidos pela forte estruturação do mundo onde vivem suas personagens. Certain Women (Certas Mulheres, no Brasil) segue sua marca autoral, na melhor produção de sua filmografia até aqui. Adaptado dos contos de Maile Meloy, o filme apresenta três histórias – aparentemente sem relação. Um olhar mais apurado, no entanto, pode facilmente observar que é a mágoa – em sua forma pura e bruta – que faz a ponte de conexão entre as mesmas.

Em Livingston, no estado de Montana, uma advogada (Laura Dern) luta pelos direitos de seu cliente (Jared Harris), que foi demitido após um acidente de trabalho. A baixíssima indenização deixa o homem desesperado, a ponto de sofrer um colapso emocional. O segundo caso conta sobre a aventura de Gina (Michelle Williams) e de seu marido, Ryan (James Le Gros), que tentam comprar os restos de arenito utilizados na construção da primeira escola da cidade para erguer a nova casa da família. A negociação envolve Albert (Rene Auberjonois), que parece disposto a ceder as pedras. Por fim, Jamie (Lily Gladstone) é uma moça que dedica todo seu dia aos cavalos de sua fazenda. Sem qualquer tipo de amizade, ela acaba criando um laço emocional involuntário com Beth (Kristen Stewart), que acaba ensinando leis escolares para um grupo de professores.

A mágoa citada anteriormente é aprofundada junto da contextualização de cada caso. As três histórias acabam justamente no clímax criado pela diretora. Mais tarde, ela ainda tenta articular um fechamento, mas sem força. Nada que apague o brilho das atrizes, especialmente de Dern e Stewart. A forte emoção envolvida em seus respectivos arcos abrem espaço parar elas entregarem ótimas interpretações.

A fotografia em filme de 16mm de Christopher Blauvelt é espetacular! Ele consegue transformar um reflexo de uma janela em algo com conteúdo, ao mesmo tempo que aproveita as belezas naturais de Montana para contrastar com a escuridão das cenas noturnas. Outro ponto que merece ser destacado é a falta quase que absoluta de trilha sonora. A música ganha espaço apenas em cenas-chave, e com isso aumenta drasticamente sua importância.

A divisão de Certain Women pode frustrar o público – e acabar restringindo sua distribuição mundial para pequenos cinemas com foco no alternativo. Uma indicação ao Oscar – mesmo que improvável – talvez possa auxiliar no sucesso da produção independente de ótimo elenco.

* Filme visto no Festival do Rio 2016.

NOTA: 7/10

IMDb

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