No período em que Hollywood passou a readaptar histórias que fizeram sucesso no cinema mudo, Ben-Hur despontava como uma das produções mais polêmicas: o sucesso do longa de 1925 não era o suficiente para garantir uma nova investida da MGM, e somente na década de 1950 os produtores passaram a considerar a ideia, muito devido ao retorno de bilheteria de outros filmes épicos. Ainda assim, o medo de colocar em risco as finanças da companhia colocaram o andamento do projeto em pausa por quatro anos.
Entender o filme de William Wyler requer uma grande análise sobre o cinema da época. Se hoje parece inviável a existência de um filme com quase quatro horas de duração, nos anos 50 tais experiências era extremamente comuns, para delírio da plateia. Por conta disso, Wyler teve carta branca para convocar uma invejável equipe de roteiristas para ampliar a experiência de 1925. Apesar de Karl Tunberg assinar o guião final, não se deve negar a influência de ícones como Gore Vidal na construção da narrativa.
A história toma diferentes rumos e, por conta de sua extensa duração, torna o original escrito por Lew Wallace no fim do século XIX como grande fonte de inspiração. Charlton Heston entrega a atuação mais firme de sua carreira como Judah Ben-Hur, seguindo as múltiplas camadas de análise oferecidas por Ramon Novarro em 1925. A narrativa, no entanto, toma traços de melodrama – comuns na época- que atuam como isca para capturar a atenção do público durante toda exibição. Isso fica claro, por exemplo, na atenção dada as leprosas e no pouco tempo de tela de Jesus. Se em 1925 sua presença foi utilizada como recurso secundário de roteiro, no longa de Wyler ele é apenas um elemento presente na narrativa, sem a mesma força decisiva. com impacto previsível na cena final para mandar o espectador pra casa com um sorriso no rosto. Stephen Boyd quebrou a barreira deixada por outras adaptações de Messala no cinema e no teatro, e propôs uma visão mais apurada sobre sua questionável ‘maldade’.
Vencedor de 11 prêmios da Academia e filme mais caro de sua época, Ben-Hur até hoje é alvo de inúmeras polêmicas (que passam desde a homossexualidade dos protagonistas, sugerida por Gore Vidal, até disputas sobre os créditos de adaptação). Fato indiscutível é que Wyler criou um dos maiores filmes de todos os tempos, que chamam a atenção do cinéfilo por inúmeros avanços técnicos – como a adoção do widescreen – e pela inesquecível cena das carruagens, uma das mais importantes da história do cinema.
NOTA: 9/10
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