Brooklyn é uma adaptação poderosa de uma das grandes obras de ficção produzidas nos últimos cinco anos. O livro homônimo do escritos Colm Tóibín rompeu as barreiras da Irlanda e virou bestseller em vários países da Europa. O segredo estava na forma leve e eficaz de tratar a protagonista – que é a alma da história.
Obviamente, no cinema não poderia ser diferente. Tudo gira em torno da jovem Eilis Lacey (Saoirse Ronan), que vive com sua mãe e com sua irmã mais velha em uma cidade ao sul da Irlanda. Sem chances para conseguir um trabalho que a valorize, ela aceita a proposta de sua Igreja local para ir trabalhar no Brooklyn, na época extremamente popular entre os imigrantes vindos de seu país. É lá que ela muda completamente sua vida: sem um conhecido sequer, Eilis tem que construír tudo do zero. Enquanto um padre irlandês aceita pagar o curso de especialização em contabilidade para a moça, que planeja seguir os passos de sua irmã, ela se apaixona por Tony (Emory Cohen), encanador italiano que começa desde cedo a planejar ter uma família e vários filhos. Da Irlanda, más notícias. A irmã de Lacey morre subitamente, e ela retorna para ficar um tempo com sua mãe. Antes, no entanto, ela se casa com Tony, que estava com medo de que sua amada não voltasse mais.
A metade final do filme trata com extrema propriedade a grande decisão que Eilis deve tomar na vida: ficar na Irlanda ou voltar para o Brooklyn nos braços de seu marido? Ao chegar em sua cidade, logo ela nota que as coisas estão completamente diferentes: se antes ela não conseguia um emprego satisfatório, logo ela é convidada para assumir o posto de contadora e ocupar o lugar de sua irmã. Sua família e seus amigos parecem muito contentes com seu retorno, e o jovem mais cobiçado da região, Jim Farrell (Domhnal Gleeson), a corteja insistentemente.
O diretor John Crowley faz um bom trabalho junto do roteirista Nick Hornby para captar a tensão inevitável gerada na grande questão que rodeia a vida de Eilis. Nem mesmo a moça sabe direito o que ela deseja. O espectador é convidado a fazer um pré-julgamento de toda a situação, e inevitavelmente se coloca no papel da protagonista para decidir o que é o melhor para ela, já que fomos presenteados com uma excelente explicação sobre a adaptação da vida da irlandesa nos Estados Unidos e também de sua volta a terra natal.
Todo o trabalho para recriar a década de 1950 merece destaque. A boa trilha sonora apenas completa os vestuários incríveis e a ambientação detalhada, como na cena em que Eilis e Tony vão ao cinema prestigiar The Quiet Man.
O charme e a inocência de Saoirse Ronan certamente deve ser recompensado com uma nomeação ao Oscar de melhor atriz, o que é muito justo. Brooklyn é mais que uma história de encontros e separações. É um dos principais filmes de 2015.
NOTA: 8/10
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