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3 Faces (Três Faces) – 2018

Jafar Panahi não pode deixar o Irã, foi considerado culpado por promover “propaganda” contra o governo local e teve sua licença de direção cassada – o que lhe impede formalmente de produzir, dirigir, atuar e escrever um filme em solo iraniano. Mas o diretor dissidente já deixou claro que não será calado por Hassan Rouhani. 3 Faces (Três Faces, no Brasil) é a prova disso.

É na fina linha que separa realidade e dramatização que Panahi interpreta a si mesmo junto da veterana e premiada atriz Behnaz Jafari em uma jornada em busca de Marziyeh – jovem que parece desolada e que manda uma mensagem desesperada dizendo que sua família não dá apoio e suporte para ela buscar a realização de seu sonho – que é ser atriz. O vídeo é confuso – pois Marziyeh pensa em se enforcar – e a imagem não é clara para verificar se isto foi o que ocorreu. Mas como ela mandaria um vídeo via Telegram se ela se suicidou?

Panahi e Jafari têm esperanças de achar a menina e fazem uma excelente construção narrativa abordando justamente as três diferentes realidades: ele é um perseguido político; Jafari é famosa, respeitada e reconhecida por todos; e a discussão em torno de Marziyeh desafia diretrizes do Irã pós 1979, que coloca a mulher em segundo nível.

O filme é lento e restritivo – pois praticamente todo seu tempo de duração analisa questões culturais e intercala um punhado de piadas secas. Ao promover o anticlímax como chave da narrativa, o impacto que Panahi espera ver em seu espectador é o do estranhamento, especialmente no ocidente: qual o problema de ser uma atriz? por qual motivo a família da moça considera isso absurdo? São estas questões que permeiam o road trip em 3 Faces.

Produzido após uma sequência de três filmes extremamente controversos do diretor (This Is Not a Film, Closed Curtain e Taxi) – 3 Faces foi levado ao Festival de Cannes de 2018, onde conquistou o prêmio de melhor roteiro. É interessante notar, no entanto, que mesmo aclamado nos festivais que passou, o longa de Panahi não teria chance no Oscar pelo fato da Academia não abrir a possibilidade de competição para diretores dissidentes – cercando a seleção de filme estrangeiro apenas no entorno dos indicados nacionais para evitar controvérsia.

Fiquei contente de ver que a Imovision apostou na distribuição deste filme no Brasil. Censura é uma palavra que nunca combinou com cinema, e existe espaço para um diálogo de alto nível a partir do que é testemunhado neste filme, especialmente levando em conta seu contexto de produção. Um dos melhores filmes para fãs do cinema de arte neste primeiro semestre de 2019.

NOTA: 7/10

IMDb

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