Geralmente o mês de novembro é o mais ativo para quem acompanha de perto o Oscar e a temporada de premiações. São inúmeros screeners para votar nas premiações anuais (OFCS e Spirit Awards, no meu caso), além de documentários e de uma seleção dos melhores filmes estrangeiros do ano. Recebi recentemente uma cópia de The Clovehitch Killer da IFC e encarei o filme por considerar que a premissa poderia ser original. Mesmo que tal consideração possa ser ponderada após assistir o longa, a notória falta de qualidade da trama e a condução ao estilo novela venezuelana prejudica completamente a experiência.
Duncan Skiles é um diretor e produtor envolvido com produções independentes nos Estados Unidos. É um dos tantos que lutam pelo reconhecimento em uma indústria feroz, que dá pouca chance para visibilidade. Em The Clovehitch Killer, sua ideia é simples: fazer um filme sobre serial killer sem uma gota de sangue, trabalhando apenas com a tensão do público em cima de uma revelação nem tanto surpreendente, mas que pode impactar na forma como os personagens da história absorvem a mesma.
Don Burnside (Dylan McDermott) é conhecido e respeitado em sua comunidade local pela sua devoção e pelo seu amor ao próximo. Certo dia, seu filho, Tyler (Charlie Plummer), decide pegar o carro para sair com uma garota, e ela encontra no veículo uma foto de sadomasoquismo – o que causa espanto em Tyler. Ao pesquisar mais sobre seu pai, o garoto começa a achar pistas que indicam que ele foi o Clovehitch Killer – serial killer que fez vítimas na década anterior.
O trabalho de inserção na comunidade religiosa é importante para destacar os valores da família de Tyler e o quão absurdo seria considerar que seu pai – que também desempenha função como chefe dos escoteiros locais – poderia ter algum envolvimento com os casos de assassinato.
Na medida em que a trama avança, fica clara uma indecisão no roteiro: avançar com a revelação sobre o desfecho do caso ou retardar a mesma e deixar tudo para o final? É aqui que ocorre uma das construções mais bizarras que vi nestes últimos anos: o filme usa um cliffhanger de novela, revelando um ato posterior decisivo para a história, para depois tentar captar a atenção do público com a explicação lógica do que vimos anteriormente – dividindo a narrativa em uma visão do pai e uma visão do filho. O caráter independente da produção é observado no investimento precário em estrutura, com erros notáveis de estabilidade de imagem (geradas na tentativa de conduzir o filme em um estilo de ponto de vista).
The Clovehitch Killer poderia ser uma tentativa de renovação dentro de seu gênero, mas o resultado final da experiência é tão baixo que tal ideia sequer deve ser considerada.
NOTA: 3/10