Após quase um ano na geladeira, Maggie’s Plan consolida-se como uma das grandes surpresas do cinema independente em 2016. A comédia romântica dirigida por Rebecca Miller rompe várias barreiras do gênero e encanta pela entrega de seus três protagonistas.
Maggie (Greta Gerwig) não consegue manter um relacionamento sério com nenhum homem. Mas isso não a impede de fazer seus planos e querer montar sua própria família. Ela planeja pedir para Guy (Travis Fimmel), gênio da matemática e produtor caseiro de picles, lhe ‘ajudar’ para conseguir ser mãe. No mesmo período, John (Ethan Hawke), novo colega de trabalho de Maggie e voraz escritor, passa a se aproximar da jovem e cria um laço de amor que coloca um ponto final em seu casamento com a intelectual dinamarquesa Georgette (Julianne Moore), deixando seus dois filhos para trás para formar a tão sonhada família de Maggie. Algum tempo depois, já com um bebê no colo, Maggie aproxima-se de Georgette para tentar solucionar este triângulo amoroso, já que John parece cada vez mais distante.
Miller consolida-se cada vez mais como uma realizadora que é capaz de captar excentricidade de seus personagens com perfeição. O estilo refinado do roteiro (adaptado de um escrito não publicado de Karen Rinaldi é polido, com múltiplas possibilidades de interpretação. E ainda que seja um filme maduro e adulto, a dramédia não é apelativa, já que consegue explorar a relação sexual de forma sútil e leve, mantendo o padrão estabelecido pela própria trilha sonora nos primeiros minutos.
A Sony segurou o lançamento de Maggie’s Plan por entender que sua distribuição em 2015 poderia ser ofuscada pela temporada de premiação. Após algumas sessões limitadas no Festival de Toronto, apenas em maio os cinemas dos EUA receberam o filme – e desde então outros países entram na lista a cada semana. Essa decisão foi acertada, já que este período geralmente oferece opções bastante limitadas de conteúdo de alta qualidade. Maggie’s Plan é fantástico, e Greta Gerwig tem todas condições de brigar por premiações na categoria de melhor atriz. Ela é a alma de uma mulher que não precisa de homem nenhum para ser feliz, sorrindo com pequenas atitudes de seu dia a dia. Georgette também parece dividir a mesma confiança, mas de forma inversa, preocupando-se em abastecer o seu ego para provar a todos de seu potencial. Quando suas atitudes são comparadas pelo espectador a partir da perspectiva de John, percebemos o nível de qualidade do roteiro. O sucesso do longa pode ser confirmado caso a Sony invista em uma boa redistribuição na temporada de screeners (dezembro), para lembrar essa excelente produção.
NOTA: 7/10