Investigar a origem do mal: esse poderia ser o objetivo de The Boy, filme independente dirigido por Craig William Macneill. No entanto, não é isso o que é apresentado ao espectador. Por quase duas horas, assistimos a uma criança brincar com a morte, promovendo poucas reflexões para a profundidade ímpar do tema proposto nesta produção.
Ted (Jared Breeze) é um menino de nove anos que vive uma vida extremamente solitária. As moedas que ele ganha de seu pai, John (David Morse), para ajudar nas tarefas do motel da família não escondem o fato de que não existe nada para fazer nas redondezas. Em meio a essa rotina monótona, aos poucos o jovem começa a se interessar por tudo que ronda a morte, analisando, inicialmente, como os animais se comportam em seus suspiros finais.
O roteiro carece de um fator que envolva Ted em seu contexto: as pessoas de passagem pelo motel tem histórias de vida bastante distintas, e o garoto começa a mudar de postura perante o espectador. Essa transformação é nítida, mas com poucas respostas para a série de perguntas que Macneil deixa em aberto.
O ambiente de tensão – que tenta se erguer em uma trilha sonora típica de filme de suspense da década de 1980, calma, mas com altos tons em momentos decisivos – não é suficientemente bom. A falta de recursos financeiros parece ter feito a diferença, e a edição é lastimável, com péssimas transições de tomadas.
A indefinição do gênero (que passa desde o drama do menino até um filme de horror, confirmado nas cenas finais e até mesmo no poster de divulgação) é outro problema. Não existe um foco claro em torno do menino, que luta para se destacar. Hora ele é visto como uma criança injustiçada, hora ele é a pura encarnação do mal. A investigação do motivo pelo qual o garoto muda de comportamento esconde-se na solidão, o que é decepcionante.
Na época do lançamento do longa, no Festival SXSW de 2015, o diretor disse que planeja fazer uma trilogia em torno do sociopata introduzido aqui. A história tem potencial, mas é inegável que será necessário muito mais dinheiro para investir na produção se Macneil tem alguma ambição de tornar seus filmes viáveis para distribuição – seja internacional ou mesmo doméstica.
A fórmula de The Boy não funciona simplesmente pelo fato de faltar coesão no roteiro. São muitas voltas desnecessárias para pouca ação e fala. Muita procura onde nada existe. Pelo menos quarenta minutos poderiam ter sido cortados sem que o resultado final fosse alterado. Hora de Macneil rever seu processo de escrita.
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NOTA: 3/10