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Deadpool – 2016

Por muito tempo esperei um filme de Deadpool. Pra falar a verdade, tinha poucas esperanças de ver uma grande produção, já que Wade Wilson está no segundo escalão da Marvel. Até me recordo do anúncio de 2005 em que Ryan Reynolds foi chamado para o papel – e de como fiquei surpreso e contente pela decisão. Onze anos mais tarde, após a companhia fundada por Stan Lee conseguir vários recordes de bilheteria no cinema mundial, Deadpool saiu do papel, e Reynolds finalmente pôde dar vida ao personagem ‘politicamente incorreto’ do Universo dos quadrinhos.

Wade Wilson (Reynolds) é um ex-militar que ganha dinheiro fazendo bicos sujos. Após descobrir que ele está com câncer terminal, ele é convidado a fazer parte do programa Weapon X (o mesmo de Wolverine). Apesar de ser curado e de receber superpoderes, ele vai atrás de Ajax (Ed Skrein), responsável pelo experimento que pensava que Wade havia morrido em um incêndio, para corrigir seu rosto, que ficou desfigurado. Durante a jornada, dois X-Men (Colossus, interpretado por Stefan Kapicic, e Negasonic Teenage Warhead, por Brianna Hildebrand) juntam-se a ele. Ao mesmo tempo, Wade busca contado com sua ex-noiva,  Vanessa (Morena Baccarin), que também pensava que ele estava morto. T.J. Miller, por sua vez, interpreta Weasel, melhor amigo de Deadpool.

Ryan Reynolds é o menor dos problemas em um filme que tem profundas falhas de estruturação. A seleção do protagonista foi excelente pelo fato do ator ser um dos melhores ‘fast-talkers’ dos Estados Unidos. A tomada inicial dá uma falsa impressão sobre o desenrolar da história, pois é muito bem bolada (pequenos spoilers engraçados, digamos assim). As referências externas são várias, provavelmente as que mais chamam a atenção são as referências sobre a péssima aparição do personagem no filme de Wolverine, o problemático papel de Reynolds em Green Lantern e a escolha do ator como o homem mais sexy do mundo em 2010. Se tais brincadeiras fossem secundárias, elas seriam uma boa adição no filme, mas elas só existem pelo fato do roteiro ser uma bagunça generalizada, sem um objetivo específico.

Como todo o filme da Marvel, existe uma contextualização geral da história. Neste caso, a mistura de flashbacks com a sequência do filme não é bem editada, e apenas ressalta o quanto a produção perde a essência dos quadrinhos. Existem apenas duas cenas de ação. Será que o diretor Tim Miller teve alguma influência nisto ou foi uma pressão interna? Não é aceitável um personagem como Wade Wilson passar o filme todo dentro de um bar ou pensando no que vai dizer para sua namorada. Ele é o sinônimo de ação, um perfeito anti-herói. A decepção, portanto, é enorme. Dentre todo o festival de filmes de heróis lançados neste novo milênio só me lembro de dois que conseguiram dar uma boa base da história – Batman Begins e Iron Man. Nem mesmo o fracasso estrondoso de The Fantastic Four não foi o suficiente para a Fox reconsiderar a decisão, que não deve ter sido das mais fáceis, já que o roteiro foi modificado uma porção de vezes.

Deadpool é um filme que, apesar da boa introdução, falha completamente em estabelecer as bases para a franquia. A história acaba se tornando justamente o que o filme não deveria ser, e é bastante constrangedor observar como a produção foi finalizada com o típico toque de Hollywood, apostando cegamente no romance e em duas ou três piadas sem graça. O mais impactante disto tudo é que o rating R é mal aproveitado, e Wade sai de cena com muito menos do que poderia oferecer.

NOTA: 6/10

IMDb

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