Até o Sony adquirir os direitos de Whiplash (Whiplash: Em Busca da Perfeição, no Brasil), ninguém apostaria que este filme orçado em três milhões de dólares poderia ser concorrente de qualquer premiação de peso. Com uma onda muito positiva de filmes independentes vindos dos Estados Unidos, o papel das distribuidoras tem sido cada vez mais determinante para alavancar a publicidade destas películas, por vezes tão escondidas, e dar uma chance para bons atores ampliarem suas oportunidades no seletivo mercado de Hollywood.
J.K. Simmons brilha ao interpretar Fletcher, exigente professor de um instituto de música que busca tirar o máximo de seus alunos para criar um novo prodígio. Ele não é nosso protagonista, mas é um dos mais notáveis coadjuvantes da última década. Após o baterista Andrew (Miles Teller) ser selecionado para entrar no seu grupo, a pressão pela perfeição toma rumos inesperados e memoráveis.
Geralmente os filmes que tratam sobre música buscam contar a vida de uma pessoa famosa ou mostrar uma bonita história de alguém que consegue o topo da montanha. O mérito de Whiplash está na excelente contextualização de todo o ambiente da cidade que abriga o instituto de música e na forma com que Fletcher é tratado como o mestre intocável, perceptível quando seus alunos evitam um contado olho a olho, por exemplo. Por não ambicionar o circuito nacional e focar em uma pequena escala, desfrutamos de uma atuação de classe de Simmons nas mais variadas situações, que começam em suas broncas e envolve até mesmo traições pessoais. Por isto, em nenhum momento a relação do professor com Andrew chega a ser de amizade. Se a forma com que a música está inserida neste longa merece todos os aplausos, o mesmo não pode ser dito de situações secundárias: em algumas cenas o roteiro perde-se na tentativa de explorar a relação do jovem baterista com sua família e trata de forma apressada seus traços pessoais. Acredito que estas tomadas cortaram a tensão prévia de algumas cenas interessantes – talvez um maior tempo para entender a personalidade marcante de Fletcher seria melhor.
A trilha sonora emociona por colocar nas costas de Andrew a chance do fracasso ou do sucesso, pois ele depende apenas de seu talento. Não poderia pensar em uma cena melhor para fechar este longa do que a apresentada. Após despontar como promessa em The Spectacular Now, Miles Teller ganha espaço para dar vida a um personagem muito ambicioso e determinado a crescer. Sua atuação é bastante razoável, mas se o ator quiser prosperar em Hollywood como um leading de peso terá de ser bem mais seletivo na escolha de seus papéis. A classe de J.K. Simmons deve ser confirmada com um Oscar. Se Whiplash é um sucesso, todos os méritos são dele. Um dos melhores independentes de 2014! Recomendo assistir o trailer abaixo para ter uma ideia do que esperar deste incrível filme.
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NOTA: 9/10
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