Hoje temos aqui o filme nomeado para 10 Academy Awards. Wow! No começo do filme, a mensagem “some of this actually happened” é bem interessante. Os produtores tomaram como base o escândalo do Abscam, uma operação gigantesca montada pelo FBI em Long Island para deter a corrupção e a venda de licenças indevidas para construção. Quando soube do lançamento do filme, na metade de 2013, comprei o livro The Sting Man: Inside ABSCAM, de Robert Greene para saber mais detalhes do que realmente aconteceu e estabelecer uma comparação com o filme. Pensava que aquela tradicional frase “baseado/inspirado em fatos reais” seria utilizada, mas não, não foi. Por que? Bem, muito pelo motivo de que a investigação não teve o charme apresentado pelo filme. E a prisão de um senador e seis membros do congresso dos Estados Unidos no fim da década de 1970 não foi tão difícil de conseguir – bastou paciência e alguns grampos. Ao mesmo tempo em que a história do escândalo do Abscam serviu de base para American Hustle, a cadeia de eventos e vários personagens chave foram alterados para dar ao filme um ar muito parecido com o de The Sting (1973).
Diferentemente histórias absurdas e sem sentido que misturam vigaristas com o FBI (sim, estou falando de você Now You See Me), David O. Russell foi maduro o suficiente para não abusar do velho truque de criar várias surpresas falsas durante o filme: ao invés disso, a trama tem apenas uma grande reviravolta, guardada para a parte final do longa.
Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams) formam um casal de vigaristas que aplicam o golpe do crédito fácil. Após serem descobertos e presos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), eles aceitam trabalhar para a agência em troca do perdão de seus crimes. Mas para conseguirem retomar suas vidas, Irving e Sidney se envolvem com a Máfia e com grandes powerbrokers de New Jersey, já que DiMaso os coloca como personagens centrais de um plano para prender pelo menos quatro grandes figuras americanas e envolve Carmine Polito (Jeremy Renner), poderoso político local, como um intermediário entre o casal e o FBI. Só que Rosalyn (Jennifer Lawrence) não aceita ver Irving, seu marido, de caso com Sydney e pretende fazer a vida do personagem de Bale um inferno até que ele volte para casa e crie seu filho adotivo com ela.
Direção de arte, fotografia, maquiagem e figurino fora de série. Incrível! A trilha sonora recria o ambiente da década de 1970 nos EUA com perfeição, com scores de Duke Ellington, Frank Sinatra, Elton John e Santana.
Um dos grandes momentos do filme é uma reunião de Irving, Sydney, Polito, DiMaso e um sheik árabe (parte do esquema para capturar congressistas que aceitam suborno) com a máfia. E quem representa os mafiosos? BOBBY DENIRO! Sim, Robert DeNiro. Sua curta participação foi tão especial que me lembrei muito de James Conway, de Goodfellas (1990). O cara foi feito para esse tipo de papel! O elenco é sensacional, não preciso desenvolver muito sobre isto, né? Mas digo que se houvesse um Academy Award para o diretor de casting, certamente ele seria para American Hustle neste ano. A atuação que mais me chamou a atenção foi a de Renner. Okay, temos Bale, Adams, Lawrence, Coope. Todos fizeram bonito, conseguiram convencer bem. Mas Renner deu vida a um político que quer fazer o bem para comunidade ao mesmo tempo em que não quer deixar seus luxos de lado. Até por este motivo Irving cria uma grande amizade com Polito, que será testada nos momentos finais do filme.
American Hustle consegue ser divertido ao explorar o submundo sujo de New Jersey. Temos aqui um dos melhores filmes de 2013, que certamente será premiado com alguns Academy Awards. Parabéns para Russell, que conseguiu a difícil proeza de engatar uma sequência de três bons filmes no seu currículo (com The Fighter, de 2010 e Silver Linings Playbook, de 2012).
O filme estreia dia 7 de fevereiro nos cinemas do Brasil.
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