De vez em quando eu assisto a curtas e fico pensando. Como seria se os produtores tivessem dinheiro e/ou oportunidade para expandir a ideia e tornar sua fita em um longa metragem. Confesso que, ao assistir Le ballon rouge (O Balão Vermelho, no Brasil), pela primeira vez me vi confrontado com um sentimento de afronta ao meu próprio pensamento.
Digo isto, pois tudo que envolve o vencedor do Oscar de melhor curta de 1956 é incrível. A história não pode ser mais simples: um menino encontra um balão vermelho solto pelas ruas de Paris, que o acompanha durante um dia nas mais variadas situações.
Com 34 minutos de duração, o tempo parece perfeito para mostrar a revolução que Albert Lamorisse conseguiu. Ao levar para o público francês a melhor tecnologia da Technicolor disponível na época, as várias cores davam uma sensação única de imersão e profundidade, seja na rua chuvosa ou na caminhada para a escola.Durante os primeiros minutos, acreditamos que o balão é um simples objeto, com prazo de vida limitado. É ai que está a mágica! Ao ver que o balão vermelho tem um certo tipo de racionalidade, a história passa a ser interpretada de outra forma, especialmente pela relação de carinho e parceria que se desenvolve entre objeto/dono.
Vale muito a pena conferir! É de encantar qualquer criança, além de ser um ótimo exercício para imaginação e estimular a criatividade.
Em tempo: o diretor parece que partilhava de meu pensamento. Aproveitando o sucesso de seu curta, quatro anos mais tarde ele arriscou elaborar um longa chamado Le voyage en ballon (A viagem no balão), que fracassou por não manter a essência e tentar lucrar em cima de uma obra prima. Um dos melhores curtas da história do cinema!
NOTA: 9/10