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The Mule (A Mula) - Crítica do filme de Clint Eastwood

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The Mule (A Mula) – 2018

Clint Eastwood, o gênio. The Mule (A Mula, no Brasil) ressalta as qualidades de um dos maiores atores e realizadores da história do cinema – que consegue como poucos cativar seu espectador e criar uma trama envolvente e direta.

A base da história de The Mule é a de um artigo publicado no The New York Times, em 2014, sobre Leo Sharp – idoso de noventa anos que trabalhou como mula para o cartel de El Chapo em solo estadunidense. A partir disto, Clint Eastwood interpreta Earl Stone, idoso que passa por dificuldades financeiras e que acaba trabalhando como mula para conseguir dinheiro e tentar usar isto como um aliado para se reaproximar de sua família. As viagens tornam-se frequentes e a DEA coloca como prioridade a captura da mula, colocando este objetivo nas mãos do agente Colin (Bradley Cooper).

Nessa riqueza de detalhes, é até possível alinhar a história de Earl Stone com a do próprio Clint – um homem que trabalhou muito e que deixou de lado, por vezes, sua própria família para perseguir os mesmos projetos e se contentar com um prêmio. Essa reflexão fecha quando temos em conta entrevistas recentes nas quais Clint deixa claro que existe uma inspiração pessoal na construção de Earl.

Confesso que pensava que Trouble with the Curve (2012) seria sua última atuação. Fiquei contente quando Clint anunciou, em setembro, que The Mule seria lançado ainda no final de 2018. É provável que esta, de fato, seja a última atuação de Clint – que tem planos para seguir dirigindo filmes – e sua entrega ao personagem, com piadas bem colocadas, diálogos limpos e argumentação de ponta, deve servir de exemplo para quem está na escola de atores. Não é um método pronto de atuação, mas sim um estilo que torna natural cada movimento de Clint.

A metade inicial do filme é lenta, repetindo a rotina do protagonista. Isto ocorre para que o espectador entre na intimidade do idoso e entenda o desejo pelo dinheiro – ainda que a falha do longa esteja justamente na posterior falta de explicação para continuar com os trabalhos – algo que o artigo original dá apenas pistas. Quando Bradley Cooper assume definitivamente o posto de principal coadjuvante, a história torna-se mais dinâmica e atraente, com boas perseguições e uma dose de suspense que é pouco comum na filmografia recente de Eastwood.

Como compositor, Clint sempre foi preocupado com a pós-produção de seus filmes e com a trilha. Em The Mule, temos uma ótima canção de fechamento, Don’t Let The Old Man In, de Toby Keith – que poderia ter sido facilmente encaixada no Oscar de melhor canção original. Mas como Clint ficou marcado pelo seu apoio a McCain, em 2008 e a Mitt Romney, em 2012, é provável que nunca mais volte ao Oscar.

Recomendo The Mule pela excelente opção de entretenimento e pelo grande processo criativo em torno do filme, que foi capaz de moldar uma narrativa sólida a partir de um curto artigo. Ótima oportunidade, por sinal, para ver uma atuação de luxo de uma lenda do cinema na grande tela. O sucesso extremo de bilheteria em tempos de incerteza no cinema deixa claro que ainda existe uma boa parcela do público interessada em projetos novos, sem a marca do blockbuster ou de um gênero popular – provando também que a falta de indicação ao Oscar não significa o insucesso de um filme na janela de lançamento de dezembro e janeiro.

NOTA: 8/10

IMDb

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