Voto anualmente no Independent Spirit Awards – e confesso que fiquei surpreso com a indicação de Blindspotting (Ponto Cego, no Brasil) em apenas uma categoria – melhor ator. Digo isto pois o longa passou com sucesso por vários festivais nos Estados Unidos e obteve uma boa aceitação dos colegas críticos por lá.
O ponto chave do filme está na sua imersão no cotidiano de Oakland, na Califórnia, testemunhado, por exemplo, na sequência inicial que apresenta uma ótima justaposição de imagens que identificam a região do longa. É lá que Collin (Daveed Diggs) busca retomar sua vida após passar um período na prisão. Com um toque de recolher imposto e restrição de movimentação imposta pelo juiz durante o período de um ano, o homem segue sua rotina na companhia de mudanças que lhe deu um emprego. Seu colega de trabalho, Miles (Rafael Casal) também é o seu melhor amigo – o único que marcou presença toda semana durante o tempo na cadeia.
O título é explicado durante o desenrolar da trama e envolve a diferença de realidade dos dois protagonistas – um negro que convive com o racismo e com pré-julgamentos diariamente e um branco com um vocabulário pesado e que tenta se encaixar na dinâmica local.
O primeiro filme de Carlos López Estrada tem uma série de pontos positivos. A colaboração com os dois protagonistas – que também foram os roteiristas – é excelente e cria uma química que está entre as melhores de 2018, com várias passagens hilárias que apenas demonstram o refinamento do texto.
É verdade que Blindspotting é muito curto para a complexidade do tema que tenta mediar, apressando as considerações finais com tomadas que perdem gradualmente a força. O gran finale, neste caso, é previsível e poderia ser bem melhor trabalhado justamente pela qualidade dos envolvidos no projeto.
NOTA: 7/10