O universo criado por J.K. Rowling é riquíssimo. Quando a Warner anunciou planos grandiosos para criar uma franquia em torno de Fantastic Beasts, confesso que temia pela continuidade dos filmes, que poderiam ser arrastados e inconclusivos, já que a obrigação contratual impediria avanços mais sólidos. Foi compreensível as notas introdutórias de Fantastic Beasts and Where to Find Them, já que existia a clara necessidade de contextualizar uma nova história com novos personagens para o público que não tinha conhecimento da obra de 2001. Em Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, no Brasil), ocorreu um curioso caso: o material base é tão bom e permite tanta abertura que Rowling e o diretor David Yates basicamente desistiram de apostar em aprofundamentos secundários que poderiam ser uma mais valia para a consolidação da saga.
Após os eventos do primeiro filme, Gellert Grindelwald (Johnny Depp) escapa das autoridades e ameaça o mundo com um movimento de supremacia mágica. Ele vai até Paris atrás de um novo aliado, Credence Barebone (Ezra Miller) – desesperado por detalhes sobre seus verdadeiros pais. Newt Scamander (Eddie Redmayne) está no meio da confusão, e recebe o pedido de Albus Dumbledore (Jude Law) para ir até Paris confrontar Credence para evitar uma tragédia de grandes proporções.
Ao explorar menos os animais fantásticos e apostar mais no engate de narrativas secundárias que envolvem, entre outros, Jacob (Dan Fogler), Queenie (Alison Sudol) e Tina (Katherine Waterston), é visível que esta segunda entrada na franquia quer manter acessa possibilidades alternativas que podem ser úteis no futuro. Rowling sabe – e provou isto em Harry Potter – que é extremamente importante contar com um grande gama de coadjuvantes, mas noto que o problema neste filme é estrutural, uma vez que a presença de Newt é uma forma de validação de conteúdo. Ele interfere diretamente em todos os arcos narrativos estabelecidos aqui, o que pode gerar uma questão sobre a demasiada centralização no protagonista.
As grandes revelações do filme rondam a figura de Dumbledore, e confesso que a opção por Jude Law me surpreendeu. O ator parece que encarnou o espírito do personagem exposto por Rowling nos últimos anos em manifestações nas redes sociais ou em entrevistas. Sua relação com Grindelwald é feita de forma sucinta, mas precisa, deixando nas entrelinhas questões pertinentes sobre o relacionamento entre os dois e sobre o pacto feito.
Infelizmente, The Crimes of Grindelwald é o pior filme do Wizarding World. Sem contar que existem questões em aberto, como, por exemplo, a estranha presença de Minerva McGonagall, que contradiz a cronologia aceita até então e que obrigatoriamente deve ser abordada no próximo filme. Os bons efeitos visuais e sonoros, no entanto, merecem destaque – e podem ser recompensados com indicações ao Oscar.
NOTA: 6/10