O caso Chappaquiddick, que envolveu o então Senador Ted Kennedy, é alvo de muita polêmica até hoje. Ao menos treze livros tentaram oferecer respostas para perguntas que jamais foram respondidas. Por tratar diretamente com uma das famílias mais poderosas dos Estados Unidos, era obvio que a produção dirigida por John Curran despertaria mais interesse no caso, tanto pelos antigos pesquisadores do tema quanto pelo grande público.
1969. Ted Kennedy (Jason Clarke) começa a planejar a campanha presidencial de 1972, e busca reunir pessoas que trabalharam junto de seu irmão, Bobby, assassinado no ano anterior, para devolver o controle dos EUA ao Partido Democrata. Ele participa de uma festa na ilha de Chappaquiddick, reunindo pessoas de sua confiança. Entre elas está Mary Jo Kopechne (Kate Mara), que acaba morrendo após sair de carro com o Senador.
Dentre as várias teorias que tentam explicar o incidente, o filme abraça a principal, de que Ted Kennedy perdeu controle de seu automóvel – que caiu de uma ponte. Além de não reportar o caso para a polícia, o comportamento de Kennedy na época também levantou questões sobre seu comportamento – fato que impediu o político de concorrer à Casa Branca em 1972 e 1976.
Curran merece destaque pela coragem de expor a sujeira e a tentativa de abafamento – lembrando os privilégios de Ted Kennedy carregados pelo cargo e pelo sobrenome. As atuações são ótimas – total destaque para Clarke, excepcional – e a pesquisa para a construção do roteiro é uma das melhores desta década neste gênero.
Chappaquiddick, como filme, obviamente terá grande visibilidade nos Estados Unidos. Sua visibilidade no exterior infelizmente deve ser afetada pela restrição da amplitude do caso – contando que o filme é voltado para o público estadunidense. O maior mérito, no entanto, é abrir um diálogo com historiadores para renovar perspectivas sobre o tema, lembrando sempre que uma pessoa perdeu a vida de forma muito estranha no dia 18 de julho de 1969.
NOTA:8/10