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Isle of Dogs (Ilha dos Cachorros) - Crítica do filme de Wes Anderson

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Isle of Dogs (Ilha dos Cachorros) – 2018

Isle of Dogs (Ilha dos Cachorros, no Brasil) é um dos destaques deste semestre no cinema. A aguardada animação dirigida por Wes Anderson – vencedor do prêmio de melhor realizador em Berlim – esbanja competência no uso do stop-motion, aproveitando uma envolvente narrativa em torno dos cães.

20 anos no futuro, em um Japão alternativo. A metrópole Megasaki é vítima de uma gripe canina – e o prefeito, o corrupto Kobayashi – decide começar um programa para remover os cachorros da cidade. Para dar o exemplo, ele envia Spots, fiel cão de guarda de Atari (Koyu Rankin), para a Ilha do Lixo, onde os animais lutam pela sobrevivência. Mas a relação de Atari com Spots é mais forte do que a imposição de Kobayashi, e o menino decide se arriscar e inicia uma missão para resgatar Spots.

Infelizmente Isle of Dogs foi vítima de ataques de colegas que tentam trazer o politicamente correto para todas as esferas do cotidiano. Neste caso, Anderson foi criticado por promover uma narrativa de white savior – por si só bizarra, tendo em conta a contextualização da história. Outros reclamaram da apropriação cultural de Anderson.

Pergunto: ora, desde quando um diretor deve ficar refém de suas próprias experiências? Anderson construiu com maestria seu filme, respeitando costumes do Japão a ponto de não legendar as falas na língua nipônica. Todo desenvolvimento tem como base uma relação de amor entre homem – cachorro, por si só forte o suficiente para colocar de lado qualquer polêmica que possa comprometer o processo criativo deste filme.

O filme também mostra como Anderson tem uma mente extremamente ativa. Ele usa com perfeição o Deadpan (o tradicional humor seco) a partir de enquadramentos nos rostos dos cachorros envolvidos na história para envolver as várias facetas de seu roteiro (que trata desde corrupção e má administração até o mais puro sentimento de amor). Com uma divisão em três capítulos, a animação consegue se sustentar também pela ótima trilha sonora, uma mistura de batidas tradicionais japonesas – que tornaram-se famosas nos filmes de Kurosawa – com tendências pop contemporâneas que refletem a ideia do diretor na criação de Megasaki.

Isle of Dogs mantém o alto nível de Anderson. É uma animação mais forte e mais sólida do que Fantastic Mr. Fox, seja pelos refinamentos de edição, avanços tecnológicos de uma década ou mesmo pela utilização dos efeitos sonoros e das dublagens. Espero que o diretor traga mais experiências agradáveis como esta para a grande tela e que a Academia reconheça os esforços desta produção na premiação do próximo ano.

NOTA: 8/10

IMDb

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