Passengers (Passageiros, no Brasil) é um melodrama que tenta ganhar seu espaço a partir de duas frentes: a primeira está na ficção científica, com o pano de fundo de uma viagem espacial, que sempre atrai fãs ao cinema; a outra pode ser comprovada ao analisar o marketing da Sony em cima das duas estrelas do filme (Jennifer Lawrence e Chris Pratt). Mas de nada adianta tamanho investimento se o filme é fraco: a decepção dos produtores com o longa de Morten Tyldum – refletida na fraca arrecadação nos Estados Unidos – é justificada pela fraquíssima história contada nas telas.
Cinco mil pessoas estão a bordo da luxuosa nave Avalon, em uma viagem de 120 anos até o planeta Homestead II. Tres décadas após o lançamento da missão, o mecânico Preston (Pratt) desperta e descobre que seu módulo espacial sofreu uma grave falha. Como não é possível consertar e voltar ao repouso, o homem explora todos os locais da Avlon. Um ano mais tarde, a escritora Aurora (Lawrence) também desperta. Além de iniciar uma amizade com Preston, ambos percebem que os sistemas começam a apresentar falhas notórias, que podem comprometer toda a viagem.
Nem mesmo os efeitos especiais justificam os erros grosseiros na narrativa, já que eles são escassos e nem chegam perto do eye-candy (por isso considerei surpreendente a entrada deste filme na pré-lista do Oscar para a categoria). Tyldum, que até essa produção estava em uma crescente dentro da indústria, conhece seu primeiro flop, que pode auxiliar na reflexão sobre a montagem de seus próximos filmes.
A grande sensação é que o diretor confiou demasiadamente em um roteiro pouco polido e apostou no carisma de seus protagonistas para deixar o público feliz (aliás, a péssima sugestão de que o filme seria um Titanic foi forçada e cruel). Como consequência, uma porção de clichês são atirados para tapar buracos. Temos, por exemplo, um cliffhanger que torna os personagens de Pratt e Lawrence heróis e um romance que passa por turbulências até sua redenção. As breves pontas de humor são restritas a um personagem secundário, o androide Arthur (Michael Sheen). As participações posteriores de Laurence Fishburne e de Andy Garcia (uma cena) não acrescentam nada na experiência final.
Após excelentes filmes como Interstellar e The Martian é triste observar como tanto dinheiro pode ser jogado fora para um projeto sem qualquer ambição. Aos poucos Passengers abraça uma narrativa catastrófica que não convence nunca. Uma grande bola fora da Sony e de Tyldum.
NOTA: 4/10
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