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Paradise - Crítica do filme

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Ray/Paradise – 2016

Ray (distribuído mundialmente com o título Paradise) deu ao diretor Andrey Konchalovskiy o prestigiado prêmio de melhor realizador em Veneza. Dentre os vários dramas recentes sobre o Holocausto (como Saul Fia), poucos conseguiram utilizar a fotografia de forma tão efetiva para repassar o drama do período adaptado.

Os eventos de Paradise começam em 1942, na França. A aristocrata Olga (Julia Vysotskaya) é presa por participar da resistência, abrigando judeus em sua residência. Ela é levada para Jules (Philippe Duqesne), chefe de polícia reconhecido por ser um dos maiores colaboracionistas da região. Encantado pela beleza da mulher, Jules acaba firmando um acordo com ela, que não chega a ser efetivado. Olga acaba sendo enviada para o campo de concentração comandado pelo oficial da SS Helmut (Kristian Clauss), um devoto nazista que acredita na superioridade da raça ariana. Seu sangue nobre lhe dá a certeza de que ele é um Übermensch. Após uma inspeção no campo, ele reconhece Olga, e se recorda de um caso inesquecível ocorrido em 1933.

Paradise mantém uma linearidade que é intercalada com um tipo de candid interview que envolve os três principais personagens. Eles se posicionam de frente para o público, narrando parte das passagens que assistimos previamente. O diretor utiliza técnicas que dão um tom refinado as ‘entrevistas’: os jump cuts em filmes de celulóide com efeitos de grão e sobreexposição deixam claro que elas tem relação direta com o título do filme. Neste sentido, o p/b ganha destaque nas mãos de Konchalovskiy, que aproveita o formato 1.37 : 1 para explorar os horrores do Holocausto em uma perspectiva fiel à época.

O drama do Holocausto é transmitido através de chocantes cenas que evidenciam disputas internas entre os próprios confinados dos campos de concentração (desesperados por comida, roupas e cigarros). A visão alemã sonbre o estado da sociedade é alvo de uma ótima conversa entre Helmut e seu chefe, Henrich Himmler, que abrem muito campo para análises secundárias – que passam desde o andamento da guerra até a própria engrenagem por trás da Solução Final.

Paradise peca por dar muita abertura para a História do período conforme Konchalovskiy – que comete um par de anacronismos grosseiros, mas que não chegam a interferir na qualidade final do filme. Candidato da Rússia ao Oscar, Ray deixou para trás o franco favorito The Student (de Kirill Serebrennikov) na seleção nacional pela aposta no histórico da categoria, que privilegia dramas com forte apelo emocional.

* Filme visto no Festival do Rio 2016

NOTA: 7/10

IMDb