Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wpeditor domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /var/www/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wordpress-seo domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /var/www/wp-includes/functions.php on line 6114
Afterimage - Crítica do filme

WordPress database error: [Table 'dale2054280952.wp_p5mwz01qvq_userstats_count' doesn't exist]
SHOW FULL COLUMNS FROM `wp_p5mwz01qvq_userstats_count`

Afterimage / Powidoki – 2016

Andrzej Wajda foi um dos grandes diretores da Europa Oriental. Powidoki (distribuido comercialmente com o título de Afterimage) é a prova de que é possível fazer um cinema poético e simbólico a partir da discussão de passagens de conturbados momentos da história.

A cinebiografia do artista Wladyslaw Strzeminski, o pintor mais celebrados da história da Polônia, trata de um período de transição não apenas na arte, mas também na visão da relação do governo com a sociedade. Por conta disso, um prévio conhecimento da Cortina de Ferro e das políticas da União Soviética para seus satélites ajudam muito na resolução de pequenos detalhes históricos que são transmitidos por leves passagens.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, a URSS colocou Bolesław Bierut, um dos mais fervorosos stalinistas da época, no cargo de Presidente da Polônia. Para dar o exemplo para as demais nações, o país decidiu implementar uma política de renovação do homem a partir da linha do realismo socialista, uma proposta de cunho ideológico na qual apenas a arte que patrocinava os interesses do Estado era válida. Wladyslaw Strzeminski (brilhantemente interpretado por Boguslaw Linda), artista que perdeu um braço e uma perna na Primeira Guerra Mundial, passa a sofrer forte pressão para servir ao regime soviético. No auge de sua carreira, com aulas lotadas e idolatrado pelos seus alunos da Escola de Arte de Lodz, o pai do movimento Construtivista polonês dos anos 1920 vê tudo o que construiu ser apagado da memória da sociedade com a destruição de suas obras e humilhação pública por não conseguir emprego. A narrativa engloba uma história secundária que mostra o conturbado relacionamento com sua filha (Bronislawa Zamachowska), com a retomada do laço paternal apenas no pior momento de sua vida.

Afterimage tem uma cena marcante, certamente uma das mais relevantes que presenciei no cinema neste ano: enquanto a cidade celebrava Stalin com um gigantesco banner vermelho com a foto do ditador, Strzeminski abre a janela de seu apartamento para rasgar o pedaço de pano que cobria sua visão da rua. O simbolismo da passagem é notório: Wajda mostra ali a tentativa do governo de colocar em prática a ideologia vermelha com toda força, enquanto o artista lutava pela liberdade de pensamentos.

A fotografia é responsável por intermediar as cinzas da sociedade polonesa pós-guerra com a vibrante arte de Strzeminski. O resultado ficou irretocável, com um estilo refinado que já virou a assinatura do diretor. Aliás, lembro que Wajda é um dos grandes críticos de Stalin no cinema (seu pai, afinal, foi assassinado pelos soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial). Ao mesmo tempo que ele expõe a amargura de Strzeminski com a noção de que a arte deveria servir os interesses do Estado, quem conhece a filmografia do diretor certamente irá se lembrar de passagens de O Homem de Mármore (1977) e O Homem de Ferro (1981), com a exposição da fortíssima burocracia estatal.

Nomeado da Polônia ao Oscar, Afterimage foi o melhor filme de Wajda desde As Senhoritas de Wilko (1979), e uma entrada que fecha com chave de ouro sua extraordinária carreira.

Obrigado, mestre!

* Filme visto no Festival do Rio 2016

** Wajda faleceu no dia 9/10. O texto original foi alterado tendo em vista a notícia.

NOTA: 9/10

IMDb

One thought on “Afterimage / Powidoki – 2016”

Leave a Reply