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Lembranças de um Amor Eterno - Crítica do filme

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La corrispondenza (Lembranças de um Amor Eterno) – 2016

A fase ‘comercial’ da carreira de Giuseppe Tornatore não está rendendo bons frutos: em La migliore offerta, o diretor perdeu-se em um roteiro fraco, com clichês típicos de Hollywood. E agora, com seu novo lançamento – La corrispondenza (Lembranças de um Amor Eterno, no Brasil), temos uma história interessante, com ótimos atores, mas que ao mesmo tempo é sem força, demasiadamente longa e que sustenta-se em diálogos desconexos.

O prestigiado acadêmico Ed (Jeremy Irons) mantém um relacionamento a distância com Amy Ryan (Olga Kurylenko) há seis anos. Certo dia, Ed começa e enviar e-mails e evita o contato ao vivo com a moça. O plot envolve um gigantesco spoiler, que prefiro não adiantar para que o leitor tente aproveitar ao máximo o filme.

Ennio Morricone entrega uma trilha sonora de primeiro nível, que tem seu ponto alto justamente no clímax do filme. A parceria do maestro com Giuseppe Tornatore é tão forte que ambos encaixam perfeitamente o ponto inicial de uma leve música com o oceano ao fundo, para mais tarde aumentar um pouco da tensão com notas mais fortes. A parte técnica, de fato, não é o problema: a boa direção de fotografia que consegue enquadrar com sucesso as caras e bocas de Kurylenko, em uma atuação inspirada. Tão logo Irons ganha o papel de coadjuvante, ela ocupa com brilho a tela.

Os furos de La corrispondenza estão na narrativa. A ausência inicial de Ed levanta várias suspeitas, e o diretor insiste em manter a dúvida na cabeça de seu espectador por todo o filme – para então encerrar com uma porção exagerada de previsibilidade. As potenciais discussões secundária – que poderiam falar sobre amor e tecnologia, por exemplo, nunca saem do papel. Além disso, o diretor deixa claro que quer explicar cada decisão tomada por Ed – mas é vexatório pensar que em duas horas o filme não entrega a mínima pista sobre a influência de Amy na vida do acadêmico. Sobram frases de efeito clichês; faltam linhas autorais e criativas dentro da situação proposta.  Acredito que a explicação para isso venha do próprio diretor: recentemente ele declarou que tinha o roteiro pronto em sua cabeça desde a década de 1990. Mas o avanço da tecnologia, especialmente na troca de mensagens a partir de computadores e celulares, afeta em cheio a premissa. Uma coisa é construir um filme sobre distância em cima de correspondências; outra é adaptar isso para o século XXI, com e-mails e mensagens instantâneas.

O que ocorreu com o diretor visionário que nos entregou Nuovo Cinema Paradiso, uma das pérolas da década de 1980? Tornatore não esqueceu como fazer bons filmes, mas sua visão geral de estrutura cinematográfica parece ter se aproximado de forma perigosa demais da parte cinza Hollywood, que troca coerência por dinheiro. É uma pena, pois La corrispondenza tinha tudo para provar a recuperação do realizador.

NOTA: 5/10

IMDb

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