A Bigger Splash segue os mesmos passos de Io sono l’amore (Um Sonho de Amor) – o filme que tornou o diretor Luca Guadagnino conhecido mundialmente. Remake do clássico francês La piscine, a marca autoral destaca-se em uma trama que envolve o público desde o primeiro minuto.
Tilda Swinton interpreta Marianne, lenda do rock que passa por um período de descanso para recompor sua voz. Junto de seu namorado, Paul (Matthias Schoenaerts), que trabalha como fotógrafo e domentarista, ela busca paz na linda ilha de Pantelária, na Itália. O continuo namoro entre ambos é interrompido quando Harry (Ralph Fiennes), e sua filha, Penelope (Dakota Johnson), decidem passar alguns dias com eles.
A história intercala momentos de comédia e drama até chegar ao clímax com uma excelente cena protagonizada entre os dois homens. Várias dúvidas e atitudes incompreendidas pelo público são colocadas a limpo. Tal fator é fundamental, já que algumas das tomadas apresentadas parecem deslocadas e desnecessárias – contando com duas horas de tempo de rodagem. Guadagnino deixa claro que não busca interferir diretamente no roteiro original, mas faz uma série de pequenas construções que se assemelham muito com seu filme citado anteriormente – reservando um bom tempo para o contexto inicial e para apresentação de cada um dos personagens envolvidos.
Em mais uma parceria de Swinton com o diretor, quem se destaca é Matthias Schoenaerts. Seu personagem é o mais difícil – responsável por toda sustentação da trama e do suspense que busca ser levado adiante. No original, Alain Delon deu um traço mais rígido; Nesta versão, Matthias busca ser mais ousado e despojado, criando sua própria identidade. É por isso que A Bigger Splash, ressalto, deve ser compreendido dentro de sua esfera de produção. Algumas referências visuais homenageiam o clássico francês, mas nada além disso. O mundo de A Bigger Splash é bem mais ativo e investe em uma investigação pessoal de cada personagem de forma bem diferente do que Jacques Deray propôs, com vários espaços abertos para interpretação do público. Swinton está magnífica, demonstrando que até mesmo muda ela consegue convencer o público. Suas reações parecem espontâneas – a chave parece ser a grande química com o diretor. Dakota, por sua vez, recupera-se após o péssimo Fifty Shades of Grey com uma personagem bem mais forte, com boas linhas de diálogo e que encaixou-se perfeitamente na proposta apresentada.
O único ponto extremamente confuso é um arco secundário de narrativa que envolve um grupo de refugiados. O roteiro tenta articular por duas vezes esse tópico com a trama principal, mas acaba criando ainda mais questões – já que era esperado um posicionamento mais direto sobre um tema tão controverso, especialmente na Itália. Pela forma como o assunto é tratado, parece que os personagens vivem em um contexto totalmente isolado, sem conhecimento prévio dessa crise.
Por conta do péssimo negócio de distribuição articulado pelas distribuidoras italianas, infelizmente uma parcela muito limitada do público terá acesso a’ Bigger Splash nas telas do cinema. Resta esperar pelo seu lançamento em home video, onde pode prosperar e se tornar bem mais popular. Mais um ótimo trabalho de Luca Guadagnino.
NOTA: 7/10
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