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When We Were Kings (Quando Éramos Reis) – 1996

Muhammad Ali diferencia-se de qualquer esportista que hoje em dia cultua o status de ídolo. O boxeador é um caso único na história, pelo fato de falar com o coração e de proporcionar momentos inesquecíveis dentro e fora dos ringues. Vencedor do Oscar de melhor documentário, When We Were Kings (Quando Éramos Reis, no Brasil) capta com perfeição os bastidores do maior evento já realizado no esporte – a luta do século de Ali contra George Foreman, no Zaire, em 1974.

Para quem não conhece o evento, um breve resumo: o polêmico produtor e organizador Don King, ainda no começo dos anos 1970, teve a ideia de colocar frente a frente duas lendas do boxe.  A oferta era irrecusável: 5 milhões de dólares para cada lutador. Em 1974, Muhammed Ali tinha 32 anos e era visto como azarão, já que George Foreman, sete anos mais jovem, parecia ser indomável. King conseguiu o aceite para a luta, mas só conseguiu o dinheiro para colocar o evento em prática graças ao ditador Mobutu Sese Suko, que raspou as reservas internacionais do Zaire para levar ao mundo esta luta.

A direção de Leon Gast é extremamente segura. Não se busca apresentar um panorama sobre ambos os lutadores, pois entende-se que, seja de forma direta ou indireta, o público tinha conhecimento da carreira destes dos lutadores tão reverenciados. O que de fato interessa é o evento em si, onde as sensacionais imagens de dentro do hotel de Ali ou do treinamento de Foreman mostram toda a tensão envolvida, com uma alta carga emocional em cima de ambos (tanto é que Foreman ficou dois anos com uma depressão profunda por conta do resultado do encontro).

Mais que isso, When We Were Kings oferece uma visão apaixonada de Ali e do antigo Zaire, mostrando como uma luta de boxe tomou proporções enormes e mudou o cotidiano de vários meninos condenados à fome e a miséria. Durante algumas semanas, eles vivenciaram o sonho de se tornarem novos lutadores e saborearam a esperança de ter dias melhores pela frente. Seguindo o mesmo padrão da introdução, não é de interesse de Gast tratar sobre o pós luta – no sentido de seguir os passos de Ali e Foreman. A Luta do Século, por si só, é fascinante.

Outro ponto de grande interesse está na montagem cultural do evento, liderada por James Brown e B.B King. Entre ótimas músicas, ouvimos palavras de motivação de Ali, que, sem sombra de dúvidas, é o grande alvo deste documentário. Seu jeito cativante, sempre com alto teor político em suas falas, moldam positivamente a experiência final. Entrevistado no documentário, Spike Lee demonstra preocupação com a falta de referências de grandes nomes (como JFK, Dr. King e Ali) para as novas gerações. Cabe a nós difundirmos histórias de superação como as apresentadas nesta produção, um marco positivo da década de 1990 – e que deve ser muito explorada por conta da morte recente deste grande ícone que nasceu Cassius Clay mas que conquistou sua liberdade como Muhammad Ali-Haj.

NOTA: 8/10

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