Pouco mais de um ano após encantar o mundo com uma atuação de gala em Still Alice, Julianne Moore volta para mais um papel delicado. Só que desta vez, em Freeheld (Amor por Direito, no Brasil) seu talento fica preso a um melodrama que não chega nem perto de fazer jus a importância e ao impacto da linda história real que foi a base para o filme dirigido por Peter Sollett.
A detetive Laurel Hester (Julianne Moore) decide assumir sua homossexualidade após engatar um relacionamento com a jovem Stacie Andree (Ellen Page). Após ser diagnosticada com câncer em estágio terminal, ela luta para passar sua pensão para sua parceira, mas esbarra na burocracia de Ocean County, que prega o moralismo religioso para rejeitar a demanda de Laurel, mesmo após vinte e três anos de serviços prestados para a comunidade. Mas com a ajuda de seu colega Dane Wells (Michael Shannon) e de Steven Goldstein (Steve Carell), fundador de um grupo que luta por direitos iguais para todos, ela pressiona o conselho da cidade para mudança na legislação através do lema da igualdade.
Ron Nyswaner não conseguiu criar o mesmo roteiro envolvente de Philadelphia. Ele busca a todo momento relembrar seu espectador da gravidade da situação envolvida, e deixa de lado uma discussão ampla sobre o homossexualismo nos Estados Unidos que poderia tornar Freeheld um filme político, de posição firme. Ao invés disso, a opção por trazer um final feliz – na medida do possível – mascara a realidade social e os problemas vividos por milhares de americanos. A decisão da Suprema Corte sobre casamentos de pessoas do mesmo sexo – de julho de 2015 – é referenciada rapidamente antes dos créditos finais, junto com as fotos de Stacie e Laurel, tentando tirar a última lágrima do público e apagar os erros cometidos durante a execução do longa.
Moore é madura o suficiente para interpretar papéis que exigem o máximo de si. Ela serve como base para Ellen Page, perdida em uma personagem que nunca dá as caras, e aparece por poucos minutos para dizer duas ou três frases de efeito (a desculpa utilizada foi que Stacie era tímida). Os dois pontos relevantes e que merecem aplausos são a competente maquiagem e o bom início de filme (que engata um romance logo aos quinze minutos, mas que é desperdiçado logo a seguir). A linda história de fundo, que foi alvo do documentário curta homônimo vencedor do Oscar de sua categoria em 2008, é sabotada para virar mais um produto típico de Hollywood. Por este motivo não existe a mínima discussão em torno ao esnobe deste filme no Oscar 2016, pois o mesmo é fraco do início ao fim.
NOTA: 5/10