Por um lado, The VVitch: A New-England Folktale (A Bruxa, no Brasil) apresenta uma forma renovada de fazer um filme de terror. Diálogos excepcionais – como poucas vezes vi no cinema – uma renovada trilha sonora e uma fotografia que abusa dos tons negros. Por outro lado, o mesmo filme peca absurdamente por não oferecer uma base para sua problematização. Ou seja, todo o potencial da história. que necessitava desesperadamente de uma amarração, é jogado no lixo por conta de um final que não mantém o alto nível da produção.
Nova Inglaterra, século XVII. William (Ralph Ineson) acaba de ser excomungado de uma pequena aldeia puritana. Em busca do sustento de sua mulher e de seus quatro filhos, ele decide começar a vida em um lugar mais calmo. Meses depois, sua família constrói uma casa perto de uma floresta, e Samuel, quinto filho, acaba de nascer. Enquanto a jovem Thomasin (Anya Taylor-Joy) brinca com seu irmão, em um piscar de olhos ele some. A família procura na floresta desesperadamente, mas nada é encontrado. O mistério apenas aumenta quando um coelho e uma cabra negra passam a amedrontar a todos.
O grande espetáculo de The Witch está na construção dos diálogos. Desde as linhas do inglês arcaico, até os deliciosos sotaques, tudo foi planejado de forma incrível. The Witch, em suma, foca na análise de uma micro-história, abordando através da religião como as famílias uniam-se em torno de suas crenças pessoais, e do quanto a ameaça do demônio era notória em suas vidas. Neste quesito, o filme é impecável, com atuações marcantes de todo o elenco.
O problema é a falta de coerência no roteiro. Questões abertas e gerais sobre a tão temida bruxa e a série de marcas negativas em torno de Thomasin não são respondidas em nenhum momento. E não se pode dizer que The Witch tem um ambicioso final aberto – este certamente não é o caso. O grande temor é que este filme independente sofra com as várias sequências, algo que tem se tornado um problema difícil de lidar, já que as respostas nunca estão no longa que você está assistindo no cinema, sempre fica para o volume 2, 4 ou 5, por exemplo.
The Witch é o primeiro filme de Robert Eggers. A falta de experiência pesou, e fica evidente que o diretor abusou da boa vontade do seu espectador nas cenas finais. Após o sucesso do filme nos EUA, Eggers assinou contrato para comandar o remake de Nosferatu – um grande passo na sua carreira. Para virar um grande nome dentro de um gênero desgastado e tão batido por clichês, Eggers mostra que tem o poder da renovação, faltando apenas encaixar algumas engrenagens soltas na confecção de seu roteiro.
NOTA: 5/10
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