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Queen of the Desert (Rainha do Deserto) – 2015

O ponto mais baixo da carreira de Werner Herzog. Queen of the Desert (Rainha do Deserto, no Brasil), é um fracasso completo. A edição bizarra (que apenas ressalta a falta de continuidade do roteiro esfarelado), a péssima atuação da protagonista e a falta de profundidade da trama não apenas atiraram na lata do lixo os 36 milhões de dólares de orçamento, mas também qualquer possibilidade de tentar uma distribuição mundial do mesmo.

Ano passado, Herzog lançou o filme em Berlim com altas expectativas. Após tímidas vaias, o ficou claro para o diretor que as coisas não corriam bem: sem qualquer proposta para lançar o filme no mercado estadunidense (o que só deve ocorrer neste mês de março de 2016), o longa percorreu outros festivais, também sem sucesso.

No período da Primeira Guerra Mundial, Gertrude Bell (Nicole Kidman) percorre as Arábias viajando em busca da compreensão da relação de poder entre as tribos locais, o que mais tarde seria fundamental para ela estabelecer a dinastia Hachemita junto de T.E Lawrence (no filme, interpretado por Robert Pattinson).

Quando pensamos na filmografia de Herzog, é impossível não vincular a imagem do diretor com a de personagens principais fortes, que tomam conta da tela do cinema. Foi assim na parceria com Klaus Kinski, por exemplo. Desta vez, Kidman dá vida para uma versão de Gertrude Bell do século XXI. Não existe uma ponta que prenda a interpretação da atriz com os escritos da viajante britânica. Kidman está mais preocupada com seu impecável cabelo liso, com seu protetor solar e com os retoques de seu batom do que com os diálogos e com a viva imagem da mulher a quem dá vida no cinema. Herzog, surpreendentemente, não faz qualquer esforço para corrigir a situação, e esse triste caso percorre as duas horas de filme. A participação de James Franco como marido de Bell é rápida, e foca mais no romance do que em algo devidamente concreto.

O pior de tudo, no entanto, é constatar que a vida de Bell contada em Queen of the Desert resume-se a um punhado de histórias mal articuladas, deixando de lado um legado incrível. Como é regra nas escolas de cinema, quando um diretor abusa do auxílio visual para estabelecer marcas temporais, alguma coisa está errada. Este jamais foi o estilo de Herzog, mas tudo acontece ‘uma semana’, ‘dois meses’, ‘seis meses’ ou ‘três anos’ depois. A continuidade, portanto, é zero.

Irreconhecível, Herzog comete um pecado vital ao querer tomar a base do clássico de David Lean para fixar a imagem de Bell como a versão feminina de Lawrence da Arábia. Não funcionou, e o resultado final é vergonhoso.

*Agradeço aos organizadores da AFI pelo ingresso cortesia para a sessão especial.

NOTA: 2/10

IMDb

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