Faults é um filme independente que busca abordar a possibilidade de controle da mente através de um roteiro que exige paciência e atenção do espectador. O longa independente – primeiro do diretor Riley Stearns – consegue deixar seu rastro, com diversas questões em aberto para discussão, mas prende-se em um ciclo de repetições que tornam a experiência final cansativa – mesmo para um filme com apenas 90 minutos de duração.
Ansel Roth (Leland Orser) chegou ao fundo do poço. O doutor em estudos da mente mal tem dinheiro para comer e dormir. Seu carro é sua casa, e suas palestras não contam com a presença de mais de vinte pessoas. Após ajudar uma jovem moça a sair de um misterioso culto, Ansel assume a culpa pelo suicídio da mesma, após ter explorado a mulher. Mesmo assim, os pais de Claire (Mary Elizabeth Winstead) pedem para Ansel ajudar a tirar a garota do grupo Faults, motivo pelo qual eles perdem o sono diariamente. Devendo muito dinheiro para o editor de seu livro, Ansel aceita a difícil tarefa de tirar a menina de uma vida oposta a que ela vivia.
Faults propõe ao seu espectador uma conversa sobre manipulação. Como um bom filme independente, existem várias surpresas que se articulam com a proposta do roteiro,que nos presenteia com uma cena final bem interessante, motivo pelo qual se justifica assistir a este filme mais de uma vez. O grande problema, no entanto, está na forma com que a surpresa (o típico plot twist) é moldada perante nossos olhos: dentro de ambientes fechados e com esquisitas linhas de dialogo, Stearns preocupa-se mais com o toque misterioso que envolve Claire do que com seu próprio protagonista. Após entender por completo a história, tudo o que foi apresentado anteriormente perde o sentido e torna-se injustificável, um precioso tempo perdido para confundir o público.
A pergunta que acompanha Ansel diz respeito ao perdão de seus pecados. Será que ele se sentia culpado pela morte da jovem que ele acreditava ter libertado? Aliás, qual o conceito de liberdade que ele aplicaria? As respostas podem ser encontradas em torno de Claire. Nem mesmo os anos de estudo e os vários livros publicados dão a confiança que Ansel pensava que tinha.
A segura atuação de Winstead, que cada vez mais pede espaço em Hollywood é o ponto alto desta produção. Entre tantas perguntas deixadas para resposta, uma delas se estende a quem passou pela ‘experiência’ de assistir ao filme: você realmente acredita que não pode ser manipulado?
NOTA: 6/10