Nota: não deixe de conferir as críticas de todos os indicados ao Oscar 2016!
Spotlight. Desde 2007, a disputa para o Oscar de melhor filme não era tão acirrada. The Revenant tinha o momentum, mas foi Spotlight que abraçou o prêmio principal do cinema. Surpresa? Não. Spotlight venceu em dois sindicatos e venceu o Spirit. Mas torna-se vencedor de melhor filme com menos premiações da geração recente, levando por fora apenas melhor roteiro original. Também confirma uma série de quebras da Academia, especialmente no Oscar de melhor edição.
Chris Rock. Ele falou que iria abordar a diversidade de forma diferente. E assim fez. Um tapa na cara de Hollywood logo no monólogo inicial. Maturidade ímpar, com muito bom humor, deixando para trás qualquer lembrança de Neil Patrick Harris. Precisamos de mais espaço para os negros. As ótimas paródias dos filmes deram o tom perfeito da crítica.
De positivo, a renovação gráfica da transmissão, indicando mais informações sobre os apresentadores e também os agradecimentos de cada vencedor (assim ninguém mais pode ficar com a desculpa de que esqueceu dos nomes, não é?). A ordem das premiações também foi bem construída, com ótimas prévias sobre cada categoria (até a participação de Woody, Buzz e dos Minions fechou 100% com a proposta).
A continuidade ainda é um problema para a produção. Os longos intervalos (que se tornam ainda mais necessários com a constante queda de audiência), a controversa iniciativa em trazer os números musicais voltam à tona, já que apenas o de Lady Gaga, com participação do vice-presidente Joe Biden, foi interessante o suficiente, por conta da poderosa mensagem de The Hunting Ground. Emocionante mesmo. Por outro lado, Sam Smith ficou com o abacaxi da noite, por sinal.
Dentre os altos momentos da noite, o terceiro Oscar consecutivo para Emmanuel Lubezki! Feito incrível, que dificilmente será repetido, dado o alto nível da categoria. E, claro, o merecido prêmio para Leo. Surpresas só nas categorias secundárias, como de costume (e uma ponta de decepção pelo Syl).
Lista comentada dos vencedores:
Melhor filme: Spotlight – Foi deixado de lado pela mídia nos últimos meses, perdeu momentum mas manteve apoio da Academia – que é o que mais interessa, neste caso.
Melhor diretor: Alejandro fez um trabalho tão impressionante que mais do que merece este prêmio.
Melhor ator: Leo, Leo, Leo! Finalmente! Discurso incrível, preocupado, com legado.
Melhor atriz: Larson venceu todos os prêmios possíveis. Assim como Leo, era a certeza da premiação.
Roteiro Adaptado: The Big Short. Memorável por conta da irreverência sagaz e pela contextualização excepcional de um tema tão complicado.
Roteiro Original: Spotlight. Vencedor do sindicato, história completa e bem articulada.
Atriz coadjuvante: Rylance. Para mim, a decepção da noite. Justiça seja feita: a atuação dele é boa, provavelmente um dos poucos pontos positivos desta produção, mas deixar de lado Syl é frustrante. Avisei nas minhas apostas que isso poderia acontecer.
Ator Coadjuvante: Alicia! Discordo da forma como os estúdios colocam os nomes para consideração. Ela é a atriz principal de seu filme, não atua como coadjuvante. Mas era um prêmio previsto.
Filme estrangeiro: Son of Saul! Nenhuma surpresa aqui também. Venceu todas as prévias, foi unanimidade.
Documentário: Amy! Não poderia ser diferente.
Efeitos visuais: Surpresa! Ninguém esperava pelo prêmio de Ex Machina (nem mesmo os próprios produtores).
Maquiagem e cabelo: Mad Max! Confirmado. Foi o Papa Oscar da edição 2016.
Vestimentas: Mad Max! Como previ, a categoria estava aberta. Possivelmente os votos de Sandy Powell foram divididos.
Direção de arte: Mad Max. Mais um pra conta. Sem dúvida o mais impressionante de todos os indicados neste quesito. Mais que merecido!
Fotografia: Repito o que disse ano passado: Emmanuel Lubezki é o maior diretor de fotografia de nossos tempos. TRÊS prêmios consecutivos!
Animação: Infelizmente foi passada a ideia errada para o Brasil de que O Menino e o Mundo poderia ser a surpresa da noite. Isto não esteve nem perto de ocorrer. Inside Out é uma animação que marcou território e mostrou a maturidade da Pixar.
Trilha sonora: Maestro! Para mim, o momento de maior emoção na premiação. Tantas memórias positivas de Ennio. Após a linda homenagem com seu Oscar honorário, enfim um prêmio à altura do maior compositor da história do cinema.
Edição: Mad Max. Um dos prêmios mais prestigiados da Academia.
Melhor cancão: Spectre, com Sam Smith, levou. Ganhou momentum com a vitória do Globo de Ouro, algo um tanto quanto raro.
Mixagem de som: Mad Max. Incrível trabalho – foi o que mais me impressionou na parte técnica.
Edição de som: Mad Max. Categoria irmã da anterior. Apenas ressalta a qualidade ímpar do trabalho comandado por Miller.
Curta: Os branches das categorias de curtas este ano provaram ser imprevisíveis. A vitória de Stutterer – minha última opção, pra falra a verdade – mostrou isso.
Documentário (curta): Outra surpresa gigantesca! A Girl in the River foi pouco divulgado nos EUA – e foi o menos comentado na noite dedicada a análise dos curtas em Hollywood, na última quarta-feira (24/02).
Animação (curta): Bear Story. Simpática história chilena – que vinha ganhando espaço graças as sessões privadas de curtas. Não foi surpresa.