Não é de se surpreender que Woyzeck, de Georg Büchner, seja uma das peças mais populares da Alemanha. O jovem escritor morreu com apenas 23 anos de idade, e não teve tempo para concluir sua obra – o que deu campo aberto para o teatro e o cinema abraçar suas linhas e elaborar os mais diferentes tipos de encerramento. Werner Herzog foi um dos primeiros cineastas a dar sua própria versão dos fatos, em um longa rápido e extremamente dependente da imagem de Klaus Kinski, perfeito para o papel.
Todo mundo tem um limite. Em cima desta premissa, Herzog constrói a história de Woyzeck (Kinski), um tímido oficial do exército que é humilhado pelo seu comandante (Wolfgang Reichmann) e é alvo de variados experimentos graças as loucuras de seu médico (Willy Semmelrogge). Apesar de conseguir lidar com a pressão de ambos, Woyzeck perde a cabeça após descobrir que sua mulher, Maria (Eve Mettes), está o traindo com um major (Josef Bierbichler) que também faz questão de humilhar o rapaz.
O diretor constrói toda a trama a partir da presença marcante de seu protagonista. Por vezes, as cenas longas e com pouquíssimo diálogo tornam-se necessárias para contextualizar o drama pessoal de Woyzeck através de suas reações – mínimas, mas cheias de simbolismo.
A opção por uma trilha sonora clássica dá um excelente tom ao filme. Em suma, Woyzeck não é um filme sobre violência ou revanche. Pelo contrário – seguindo os escritos de Büchner – o objetivo geral é fazer uma análise do racional com o emocional a partir da figura de um homem acima de qualquer suspeita. Editado em apenas quatro dias, Herzog não se preocupou com ângulos ou mesmo com uma fotografia clara e limpa. É através do contraste social que o diretor dá vida ao estranho homem com seu preciosismo característico.
NOTA: 7/10