Para quem busca um filme de ação sem compromisso, John Wick (De Volta ao Jogo, no Brasil) é uma excelente opção. Apesar das várias falhas de roteiro e construção, o longa foi elaborado por pessoas com muita propriedade no gênero. O diretor Chad Stahelski tem uma história curiosíssima: após vários anos de trabalho como dublê em Hollywood, inclusive atuando ao lado do próprio Reeves no papel de Neo no filme Matrix, ele decidiu dar um novo rumo a sua carreira a levar as telas um longa com muita, mas muita ação. Tanto é que ele e David Leitch – outro famoso dublê – coordenaram pessoalmente a organização de cada sequência apresentada neste longa.
Ultimamente o cinema está carregado de thrillers que buscam contar a história de um grande assassino que parte para um último trabalho. Apesar de acreditar que tal premissa está perto de seu esgotamento, o filme traz uma certa novidade ao colocar John Wick (John Wick) – renomado criminoso – atrás de vingança após a gangue do filho do mafioso russo Viggo (Michael Nyqvist) arrombar sua casa para roubar um valioso carro. O problema é que Viggo já trabalhou com John e sabe que seu garoto assinou sua sentença de morte no momento em que espancou o homem dentro de sua própria casa e matou seu animal de estimação, um cachorrinho que ele recebeu de presente de sua esposa, no que seria o último desejo da mulher antes de sua morte por conta de uma doença não revelada. A seguir, ao mesmo tempo em que Wick busca matar qualquer pessoa que se coloque perante seu objetivo de acabar com a família de Viggo, o russo chama Marcus (Willem Dafoe) para matar seu amigo em troca de dois milhões de dólares.
É nítida a fala de profundidade do roteiro. Algo que me perturba muito nestes filmes da última década é a quase que completa ausência do mundo real. Parece que os criminosos vivem suas próprias regras e que a polícia não existe. Entendo que esta omissão deve ser feita para permitir a progressão, mas é extremamente enjoativo ter que acompanhar os mesmos clichês de sempre para a solução de um final positivo. Não basta o bandido ter a chance de matar o herói e acabar com o problema – tem que haver uma grande confusão para deixar um ar de suspense final, um cliffhanger que não se aproxima nem um pouco da homenagem aos westerns das décadas de 1960 e 1970 – o objetivo principal dos produtores.
O resultado final é bom para um filme de entretenimento sem maiores pretensões além da garantia de muita pancadaria e muito tiroteio.
NOTA: 6/10