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Gone Girl (Garota Exemplar) – 2014

Gone Girl (Garota Exemplar, no Brasil) não é apenas um dos melhores filmes de 2014, como também é um dos melhores thrillers estadunidenses produzidos neste novo século. Demorei algum tempo para postar esta crítica aqui no site pois quis confirmar a ótima impressão que tive deste longa lendo o livro homônimo de Gillian Flynn. E após devorá-lo em alguns noites de leitura, posso dizer com felicidade que este é o caso.

Gone Girl conta a história do casal Nick (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike). Eles parecem viver um conto de fadas: bem apessoados, com uma casa linda, um bom carro na garagem e carreiras brilhantes. No dia do aniversário de cinco anos desta união, Nick volta para casa e não acha sua amada. Uma mesa quebrada e alguns pingos de sangue indicam que algo de errado aconteceu. Enquanto a polícia fica a cargo das investigações e passa a limpo toda a vida do homem, uma grande campanha para achar a moça toma conta de sua cidade. O que prende o espectador são os vários contratempos que tomam conta da história: será que Nick matou sua mulher? Caso positivo, quais seriam os motivos? Além de toda a pressão vinda dos investigadores, Nick também tem que enfrentar a dura e cruel mídia, que o condena antes mesmo das provas serem apresentadas.

Sabe aquela máxima intocável no cinema que diz que um filme nunca pode ser melhor do que o livro que inspirou o roteiro? Enquanto não busco contradizer este ponto, acho correto mencionar que toda a alma da história é passada para o filme de forma muito melhor do que a encomenda. Durante alguns capítulos do livro, Flynn se prende muito em detalhes e descreve com precisão a rotina de seus personagens. Apesar de considerar que justamente os detalhes são o ponto forte da adaptação dirigida pelo ótimo David Fincher, o trabalho para trazer as 432 páginas do livro para o longa é espetacular. Sabe qual o segredo? Algo que Hollywood não gosta muito: chamar o próprio autor para escrever o roteiro do cinema. A autora sabia com perfeição onde cortar, onde pular e onde acrescentar elementos para prender o espectador. Tanto é que ela mesmo citou que não considera o resultado como uma adaptação, mas sim como uma versão de sua criação. Geralmente os grandes estúdios buscam insiders – pessoas que conhecem o jogo – pois eles, teoricamente, têm a noção de que o público do cinema não tem a mesma paciência que um leitor e exige uma história decente, em, no máximo, três horas. Além disso, o próprio Flincher tem uma filmografia excepcional no que diz respeito a adaptações de bestselling novels (como Fight Club, Zodiac, The Curious Case of Benjamin Button e The Social Network – para citar alguns).  Realmente acho que este caso de sucesso pode interferir em alguns longas, especialmente se o filme vencer o Oscar – prevejo uma competição dura com The Imitation Game e The Theory of Everything.

O trabalho de Ben Affleck mereceria uma indicação ao Oscar (o que acho difícil tendo em vista os nomeados ao Golden Globe e ao SAG). Se não fosse Julianne Morre roubar os holofotes com Still Alice, apostaria que Rosamund Pike, até outro dia desconhecida do grande público, levaria o prêmio da Academia para casa.

Quando estava na metade da exibição do longa, com aproximadamente uma hora e dez minutos de rodagem, pensei que Gone Girl seria o filho do excelente Prisoners, de Denis Villeneuve com o nem tão excelente Fracture, de Gregory Hoblit. Justifico: ao mesmo tempo em que a história prendia o espectador da forma como o primeiro longa citado anteriormente fez, a protagonista demonstrava o mesmo ar de manipulação de Anthony Hopkins em Fracture. Me enganei por subestimar a maravilhosa obra de Flynn, que consegue se renovar a cada meia hora sem soar absurda ou apelar para clichês que são tão comuns neste tipo de filme.

Se você é um bom adepto do cinema estadunidense e de seus thrillers, com certeza vai matar a charada do longa nas primeiras cenas. O que impressiona é que o grande segredo é revelado antes mesmo de chegarmos a metade da exibição, quando nos encaminhamos então para as explicações, consequências e o desfecho final (recheado de surpresas, é claro). Recomendado!

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 NOTA: 9/10

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