Nota: Para o review do longa de 1946 dirigido por David Lean, clique aqui
Mike Newell é um diretor bem conhecido na Inglaterra. Ele trabalha com televisão desde o começo da década de 1960, e quando se aventura na direção de longas geralmente o resultado é positivo (como pode ser comprovado em Donnie Brasco e Harry Potter and the Goblet of Fire). Além de ser o responsável pela produção versão mais recente do popular livro de Charles Dickens, ele foi o homem que escolheu David Nicholls como o encarregado de adaptar a história.
Já citei anteriormente, mas lembro que este é o meu livro favorito. Por conhecer muito bem a história, compreendo que é impossível adaptar um livro de cerca de 600 páginas em um longa metragem de apenas duas horas. Nem mesmo a série de três capítulos da BBC conseguiu ser fiel o bastante justamente pela quantidade incrível de conteúdo disponível no livro. Ao ler Great Expectations você realmente consegue se imaginar na Londres do período descrito por Dickens, já que tudo é detalhado ao máximo.
A grande falha deste filme foi não balancear corretamente a história. O romance entre Pip (Jeremy Irvine) e Estella (Holliday Grainger) é contado de forma muito superficial na primeira hora do longa, período que seria essencial para contextualizar como Miss Havisham (Helena Bonham Carter) transformou uma linda moça em um ser incapaz de amar (no popular coração de gelo, ou de pedra como costumam falar aqui no Brasil). O problema é que no final da história o filme busca de forma desesperada dar um rumo a este amor abusando da licença criativa. Nicholls quer entregar para o espectador uma história de romance pronta, muito ao modelo do filme One Day, adaptado de seu livro. Apesar de não alterar a essência da obra, o resultado deixa muito a desejar.
O grande foco de Mike Newell foi explorar como Pip se transformou em um gentleman. E Ralph Fiennes rouba a cena ao dar uma identidade única a Magwitch, muito diferente do sombrio personagem de Robert De Niro em 1998 ou do problemático homem interpretado por Finlay Currie em 1946. Aqui o benfeitor do filme é a chave para solucionar os dois mistérios da obra, que tratam sobre a identidade de Estella e a fortuna de Pip. Para tanto, o ex-prisioneiro é personagem principal e aparece em uma quantidade de cenas bem superior aos longas anteriores.
Tanto os cenários quanto as vestimentas foram muito bem trabalhados. Ainda assim, não chega aos pés do clássico de David Lean e fica muito atrás da série da BBC.
NOTA: 6/10