Hoje temos mais um filme indicado para o Academy Awards.
Crouching Tiger, Hidden Dragon (2000) foi o responsável pelo revival dos filmes de artes marciais nos Estados Unidos (e, consequentemente, no mundo ocidental). A primeira década do novo milênio nos apresentou alguns longas excelentes, como Fearless (2006) e Yip Man (2008). The Grandmaster (O grande mestre) demorou cinco anos para ficar pronto. Indicado a dois Academy Awards, é uma decepção total.
O filme trata sobre o grande Yip Man, mestre do Wing Chun (que está recebendo cerca de um filme novo a cada ano, fora as séries de TV produzidas na China). A história cobre a vida do mestre chinês desde a década de 1930 até a metade dos anos 1950. A história é boa, mas falta química entre os protagonistas. Mas vou deixar isso de lado, pois sei que o cinema asiático é muito diferente do ocidental.
A versão apresentada para avaliação internacional tinha 108 minutos, enquanto a versão do diretor (a que eu assisti) tem 130. Então, 22 minutos de cortes fazem muita diferença. O que foi retirado do filme? Segundo o que li, boa parte do tempo extra é destinado para tomadas pré e pós luta. Engraçado, essa foi a minha principal reclamação. O filme é muito lento. Sério, muito mesmo! Os closes nos atores durante o combate são exagerados, tentam captar emoção onde não existe. Sensação estranha. As lutas não são aquelas tradicionais estilo Bruce Lee ou Jet Li. O diretor Kar Wai Wong apostou em golpes acrobáticos. Enquanto alguns deles foram muito bem apresentados (chame aquela frase clichê: de tirar o fôlego), outros chegam a beirar o ridículo. Fui atrás de reviews da imprensa internacional e tirei um peso nas costas ao descobrir que até o pessoal da China não gostou da forma com que as lutas (o coração do filme) foram apresentadas.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a edição porca de algumas tomadas. Na cena de uma luta que acontecia na estação de trem, o combate parecia que era realizado na frente de uma tela de cinema rodando um filme de um trem chegando a seu destino, bem ao estilo de Entrée d’un train en gare de la Ciotat (alô, alô irmãos Lumière). Tudo isto porque a direção de câmera é bem confusa, hora fecha muito, hora quer deixar o cenário aberto.
Para quem quer ver um bom filme de artes marciais produzido recentemente, sugiro que procure os citados no começo deste post. Só depois tente entender The Grandmaster, um filme com altas pretensões que falha por ter uma narrativa atrapalhada e uma direção confusa.