Com um box office de quase 300 milhões de dólares, The Green Mile (À Espera de um Milagre, no Brasil) é uma das histórias mais conhecidas de Stephen King – e também uma das poucas que não tem como objetivo assustar o leitor/espectador. Se este longa até hoje cativa o público – pegue como prova o alto rating no IMDB e o 45° lugar no top 250 do mesmo site – o fato é que parte da crítica americana não engoliu a história dirigida por Frank Darabont. Tom Hanks, por exemplo, tinha certeza que levaria o Oscar de melhor ator pra casa que chegou a brincar com os jornalistas e dizer que estava ansioso para a noite da premiação (no entanto, o ator não recebeu nem a indicação da Academia).
Lembro-me que assisti a este filme pelo menos umas três vezes quando criança. A cada semestre o SBT transmitia The Green Mile no seu tradicional Cine Belas Artes. Mas desta vez fui atrás dos extras oferecidos pela versão Blu Ray. Os comentários de Darabont ajudam bastante na interpretação da película e fornece uma visão geral sobre a atuação de Hanks e os desafios da equipe de produção. A grande preocupação era deixar o longa com um aspecto de drama ao estilo de The Shawshank Redemption (1994). O problema foi que o fator extraordinário da história de King, retratado no personagem de Michael Clarke Duncan, não agradou nem um pouco a Academia.
Para quem não conhece, a história gira em torno do dilema moral de um grupo de guardas encarregados por controlar o corredor da morte em uma penitenciária dos Estados Unidos. Liderados por Paul Edgecomb (Tom Hanks), eles passam a acreditar que o preso John Coffey (Michael Clarke Duncan) possui um dom especial. Edgecomb descobre que por trás da história de assassinato de duas crianças na qual Coffey estaria envolvido não foi solucionada com a verdade, mas o pouco tempo para rever o caso e a morte de um dos principais
Tanto a fotografia quanto os detalhes técnicos, que variam desde a trilha sonora até a construção dos cenários foram feitos no capricho. A continuidade e os cuidados referentes à progressão dos personagens também impressiona. O trabalho do elenco de apoio é bastante positivo, especialmente a atuação de Michael Jeter.
Infelizmente não posso deixar de destacar o grande problema do longa: a total falta de articulação do prólogo inicial com o restante do filme. Assim como em Titanic e Saving Private Ryan, este filme busca relembrar uma história de 1935 a partir do olhar do velho Paul Edgecomb, tomando minutos preciosos para mostrar tomadas sem muito sentido. Caso o filme tivesse começado e finalizado em 1935, o espectador tiraria as mesmas conclusões sobre o que foi retratado. A diferença é que este recurso de roteiro virou um clichê para conseguir uma lágrima ou outra da pessoa que assiste em casa. Não é pra tanto que Nick Cassavetes decidiu utilizar este artifício em The Notebook (2004) após se emocionar com o final de The Green Mile.
Uma das maiores produções da década de 1990, The Green Mile emociona. Para os fãs de cinema, recomendo muito ampliar a experiência também com o behind the scenes das edições home video.
NOTA: 9/10