Men in Black, estrelado por Will Smith e Tommy Lee Jones, marcou época. Ganhou status de clássico dos anos 90, conquistou uma legião de fãs e inspirou vários longas. Era óbvio que qualquer tipo de filme dentro da franquia que não contasse com estas estrelas seria alvo de questionamento e comparação. Em MIB: International – (MIB: Homens de Preto – Internacional, no Brasil) – a Sony bem que tentou sustentar sua produção em torno de um casting competente e de um diretor promissor. Mas no cinema é necessário muito mais do que nomes de peso para garantir a qualidade de um longa.
A agente M (Tessa Thompson) demonstra interesse no MIB desde sua infância, após testemunhar um contato extra-terrestre acobertado pela organização. Anos depois, ela convence sua chefe, O (Emma Thompson) de que pode ajudar em um caso em Londres, como parceira do agente H (Chris Hemsworth). Só que uma série de eventos acaba colocando em dúvida a estrutura interna do MIB.
F. Gary Gray faz pequenas homenagens ao filme de 1997 – especialmente nas cenas de batalhas. Com uma mão carregada no CGI, as cenas de ação parecem demasiadamente longas, gerando um desconforto e a sensação de que a história poderia ser bem mais direta do que é oferecido ao público. A grande questão é que na década de 1990 a articulação com os efeitos especiais era novidade e realmente fechava muito bem com a proposta de MIB. Mas após mais de duas décadas e diversos clichês, infelizmente Gray não soube usar essa questão de forma coerente.
Era óbvio que o filme iria tentar apoio na ótima química entre Tessa Thompson e Chris Hemsworth. A atriz até que surpreende e é o destaque positivo da produção, mas é fato que ambos sofreram com péssimos diálogos e piadas sem qualquer efeito (uma espécie de buddy cop deslocado). Com personagens pouco inspirados e uma trama extremamente simples e previsível, o filme decepciona – e algumas cenas ainda apresentam cortes medonhos que indicam algum tipo de indecisão durante a pós-produção.
Sair de NY e partir para Londres, Paris e Marrocos é um desafio e tanto. Apesar da explicação e do risco corrido por Gray, fica claro que o longa quase sempre segue o caminho mais fácil e não explora o potencial das localidades, se concentrando em tracking shots simples para uma tentativa de aproximação com o público.
Talvez a questão em torno da nostalgia possa apagar alguns dos defeitos e buracos do roteiro para o fã fiel da franquia. MIB: International reconhece seus antecessores – mas falha ao propor novos ares. Definitivamente não funciona como comédia – e a aposta na ação do “quanto maior, melhor” não deu certo. Uma pena, pois não faltava talento no elenco e na equipe técnica.
Comentário em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=gb209vdOUOo
NOTA: 5/10