A Warner sabe que o terror estilo jump scare é uma mina de ouro. O público alvo é fiel e engajado – o que consagra ótimos garante ótimos índices de bilheteria. Não é à toa que a distribuidora consolidou o Universo de The Conjuring (A Invocação do Mal) como uma certeza de retorno financeiro. Sem pressão para apresentar algo de qualidade, The Curse of La Llorona (A Maldição da Chorona, no Brasil) – só deveria seguir o básico, e assim o faz. Dirigido pelo estreante Michael Chaves, o longa não corre riscos e abusa da zona de conforto.
A parte interessante de La Llorona está no título da distribuição internacional – que mantém viva e resgata o folclore mexicano ao mencionar a história do século XVII da mãe que afoga seus filhos e que procura por eles até hoje. Quando existe o pulo para Los Angeles da década de 1970 -as coisas começam a ficar complicadas. É lá que a viúva Anna (Linda Cardellini) se envolve com um estranho caso em seu trabalho – e mais tarde vê seus filhos ameaçados pela Chorona.
A imagética em torno do fantasma é a tradicional, amplamente explorada nos últimos 30 anos em filmes do gênero, sem grandes novidades. Chama a atenção na argumentação central o abandono de subplots, sendo o da discussão cultural sobre a Chorona o principal deles, totalmente desperdiçada com o péssimo aproveitamento do curandero (Raymond Cruz) no filme.
É possível observar no andamento do longa que a trilha sonora desempenha papel fundamental para a composição do ambiente de tensão. O problema aqui, no entanto, é que em determinado momento o filme deixa de lado a construção de personagens e o refinamento nos diálogos para apostar nos tradicionais sustos apenas com base na composição sonora. Isso ocorre pois a personagem central do filme é apresentada muito cedo, sem campo para criar mistério e para questionar seu potencial dano na vida dos envolvidos.
A entrada no universo de The Conjuring é muito forçada, com uma ligação digna de risadas – o que coloca em jogo a própria sustentação de The Curse of La Llorona como spin-off. Talvez a ideia da Warner de seguir a fórmula consagrada por James Wan de modo extremamente conservador, sem lançar nada novo, aponte um sinal de esgotamento no futuro próximo. Mas neste caso, o retorno da bilheteria é o que medirá se alguma mudança será necessária na franquia de terror da Warner.
Comentário em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=bcGq4j-lPKU
NOTA: 4/10