Beppe Fenoglio foi um escritor italiano que levou o dia a dia da resistência no período da Segunda Guerra Mundial para a literatura de forma contundente. Seu livro mais conhecido – Una questione privata – já havia sido adaptado para o cinema na década de 1960 – com outras versões feitas para a televisão posteriormente. A proposta dos irmãos Taviani de resgatar a obra foi vista com bons olhos na Itália – mas infelizmente o filme (lançado no Brasil como Uma Questão Pessoal) contém excessivo apelo dramático – talvez a marca registrada dos dois neste século – que tiram a credibilidade da história.
Giorgio (Lorenzo Richelmy) apresenta a bela Fulvia (Valentina Bellè) ao seu amigo Milton (Luca Marinelli), que logo se apaixona por ela. Os três passam a verão em Langhe antes do começo da guerra, criando uma relação de cumplicidade. Com o conflito, Milton entra na resistência e descobre que Giorgio pode estar se relacionando com Fulvia. Tudo piora com o avanço fascista que busca desmobilizar os partisans, que capturam Giorgio.
Para diferenciar de todos os filmes feitos sobre a obra de Beppe até hoje, os irmãos acabam modificando muito o eixo romântico, criando uma nova variável ao espectador. Os mais puristas podem considerar uma desfiguração da obra base – mas isso é necessário para armar o tom poético das falas que é combinada com as ótimas tomadas de Simone Zampagni.
O grande problema do filme está em seu próprio avanço narrativo. Os oitenta minutos de duração parecem muito para um bocado de cenas repetidas e com pouco simbolismo. Os irmãos investem na teatralização, que dá as caras em todas as cenas, e que torna o desenrolar da história pouco atrativo. Una questione privata infelizmente decepciona por não dar mais espaço para a resistência italiana.
NOTA: 5/10