A quarta produção envolvendo Jaume Collet-Serra e Liam Neeson aponta um esgotamento da fórmula que consagrou o ator na década passada com Taken e que se desenvolveu ainda mais a partir de Unknown, dirigido por Jaume. The Commuter (O Passageiro, no Brasil) sofre de problemas crônicos no roteiro e não consegue nem mesmo cumprir os requisitos básicos de um “thriller estilo Liam Neeson”.
Mike MacCauley (Neeson) teve um dia péssimo: foi demitido e não acredita ter chances de arrumar outro emprego tão cedo por conta de sua idade. Desapontado e pressionado, já que seu filho está prestes a entrar na universidade, ele segue sua rotina diária pensando em como vai dar a notícia para sua esposa. Ao pegar o trem de Manhattan para o subúrbio de NY, uma mulher misteriosa chamda Joanna (Vera Farmiga) oferece 100 mil dólares para Mike, ex-policial, descobrir um passageiro que está no trem que atende pelo nome de Prynne e que teoricamente carrega algo em sua bolsa que foi roubado e que Joanna deseja. Ao aceitar a proposta, Mike recebe 25 mil dólares adiantados e tem algumas estações para solucionar o mistério.
Obviamente os espectadores embarcam na trama e tentam solucionar o caso de antemão, tentando descobrir junto com Mike quem, afinal de contas, é o misterioso Prynne. As perguntas de fundo também são importantes neste caso: quem é Joanna? para quem ela trabalha? o que Prynne tem de tão importante na bolsa?
O problema de The Commuter é que Collet-Serra e Neeson abusaram tanto deste estilo de suspense e ação que eles tentam solucionar o caso da maneira difícil, criando falsas expectativas e pistas ao público. Como é de costume, Neeson aos poucos perde a essência do homem comum e vira um extraordinário detetive que consegue interromper uma conspiração em andamento. Tudo isto, é óbvio, removendo completamente a credibilidade da história.
É difícil entender como um filme como The Commuter conseguiu um orçamento de 30 milhões de dólares, mesmo sendo gravado praticamente em um só cenário. Também é visível o desgaste do subgênero que Neeson popularizou, e a resposta negativa do público mostra que essa foi provavelmente a última oportunidade para o diretor e o ator jogarem na zona de conforto. A partir de agora ambos precisam apresentar algo novo para vender ao público uma história que de fato merece ser apreciada no cinema.
NOTA: 4/10