Strong Island é a prova perfeita de como a Academia está abraçando temas mais complexos e politizados. Em qualquer outra década, a produção de Yance Ford distribuida pela Netflix sequer estaria dentro da categoria de melhor documentário, dado o altíssimo nível de exigência com o objeto central que é proposto para análise.
Em seu primeiro documentário, Yance discute a morte de seu irmão, William, em 1992. A partir de entrevistas com amigos e familiares, Yance reúne material para tentar solucionar o caso e encontrar respostas que possam aliviar sua dor.
Ford, de fato, demonstra seu amplo interesse no tema que discute (por questões óbvias) – mas a produção falha por não oferecer material suficiente para que o espectador possa tirar suas próprias conclusões. Ao invés disso, Yance prefere colocar suas próprias pautas e teorias na tela.
A força do documentário, por outro lado, está nas discussões paralelas que podem ser estabelecidas a partir de pautas como o Black Lives Matter, o racismo institucional, a desigualdade social e os problemas do poder judiciário nos Estados Unidos. É por isso que a Academia destacou este documentário com uma nomeação, até mesmo para amenizar críticas recorrentes nos últimos anos.
Strong Island é uma carta de amor de Yance para seu irmão que registra que o documentarista não desistiu da verdade após mais de 25 anos. Como documentário, no entanto, deixa a desejar tanto pelos erros gerais de estrutura – completamente aceitáveis por ser a primeira produção de Ford – como pela falta de foco central, uma vez que o interesse está justamente nas questões em torno de William, mas não exatamente sobre ele.
NOTA: 6/10
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