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Poesía sin fin (Poesia Sem Fim) – 2016

Poesía sin fin (Poesia Sem Fim, no Brasil) mostra como o público está disposto a colaborar com um projeto de qualidade a partir do financiamento coletivo. Após o lançamento de La danza de la realidad, Alejandro Jodorowsky lançou um projeto no Indiegogo para arrecadar dinheiro para dar sequência com este projeto, mais um filme surrealista autobiográfico. Tenho certeza que, assim como eu, vários cinéfilos colaboraram por acreditar no potencial ímpar de Jodorowsky. A base de Poesía é a mesma de La danza de la realidad, e isso torna imprescindível para o público assistir ao longa de 2013 antes de entrar na sala de cinema. Personagens, contextos e as angústias de Alejandro são apresentadas a partir de uma ligação íntima.

O filme inicia no mesmo local da cena final de La Danza. Alejandro (Jeremias Herskovits) ainda está em conflito com seu pai, Jaime (Brontis Jodorowsky). Ao descobrir as maravilhas dos escritos de Federico García Lorca, o jovem decide se tornar um poeta. Dez anos depois, Alejandro (Adan Jodorowsky) dá sequência a sua jornada poética, encontrando várias pessoas curiosas.

A comparação direta nos mostra que Poesía sin fin infelizmente está um passo atrás de seu antecessor. Jodorowsky soube aproveitar muito bem toda a transição política do Chile em seu primeiro filme, mas aqui ele deixa toda essa discussão de lado, com apenas uma cena significativa (na qual compara o presidente aos nazistas), que é a melhor do filme no ponto de vista estético. Sua mocidade, portanto, parece isolada das turbulências políticas do período e volta-se apenas para o cotidiano, o que é, no mínimo, questionável.

Através da fotografia de Christopher Doyle é possível acompanhar a narrativa como uma espécie de conto de fadas, com excelentes filtros e boa gestão de recursos. Com o lançamento limitado em vários países do mundo pela dificuldade de introduzir um filme deste tipo ao público, é ótimo saber que o Brasil terá distribuição de Poesía sin fin nos cinemas. Mais uma oportunidade para acompanhar uma construção surrealista pelas mãos do homem que melhor sabe montar isso no atual século.

NOTA: 7/10

IMDb

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