Foi com profunda tristeza que deixei a exibição de Going in Style (Despedida em Grande Estilo, no Brasil), remake do sucesso de 1979. Um filme com Freeman, Caine e Arkin no elenco não merecia um roteiro adaptado por Theodore Melfi, que recentemente abusou da boa fé com Hidden Figures, alterando a história real para moldar uma imagem desnecessária sobre as mulheres que marcaram época no Programa Espacial dos Estados Unidos.
Desde a primeira cena nota-se um afastamento do longa original de Martin Brest. Não é necessário muito esforço para notar que a vida de um idoso em 1979 era bem diferente do que a de um idoso nos tempos atuais. A tecnologia desempenha papel fundamental na nossa sociedade. Realmente pensava que essa versão seria moderna. Brest propôs uma ótima reflexão sobre o isolamento gradual das pessoas de terceira idade – e o diretor Zach Braff tinha em mãos tudo para continuar com questões relevantes como a da exclusão digital, por exemplo. A produção, no entanto, entrega piadas requentadas e uma narrativa sem qualquer compromisso com o público.
Apenas a base é a mesma: Willie (Morgan Freeman), Joe (Michael Caine), e Albert (Alan Arkin) decidem assaltar um banco. Em 1979, a questão envolvia os cheques da seguridade social; em 2017, a falta de pagamento da aposentadoria dos três. Mesmo que Braff não tivesse o peso do remake nas costas, dificilmente seu filme faria sucesso. As explicações não são boas, o desenvolvimento é comprometedor (e a produção consegue a façanha de entrar em contradição em uma cena chave sobre a investigação do assalto, quando o álibi de Albert fica perto de ser revelado.
A comparação direta apenas piora as coisas: não existe a mesma inocência proposta por Brest, e isso afeta diretamente na qualidade do humor. Mesmo com três autores do mais alto escalão, nenhuma cena é boa o suficiente para fazer valer o ingresso, já que os diálogos são soltos, sem nexo e fundamento. Esta versão de Going in Style será lembrada no futuro como mais uma tentativa de Hollywood sugar o máximo sucessos do passado. Só que desta vez isso veio a custa de um verdadeiro assassinato do roteiro original – uma vergonha sem tamanho.
NOTA: 3/10