20th Century Women (Mulheres do Século 20, no Brasil) é uma dramédia com um tom muito peculiar. A direção e o roteiro original de Mike Mills são responsáveis por ótimas cenas, resgatando um tipo de relacionamento interpessoal que parece não existir mais nos dias atuais.
Quem conhece Mills sabe que ele investe boa parte de seus filmes na construção dos personagens a partir de problemas ou situações únicas. Em Beginners, a história entre pai e filho foi profundamente impactada com a morte da mãe. Em 20th Century Women, a narrativa é afetada justamente pela falta de uma figura paterna, com três mulheres se dividindo na missão de moldar a personalidade de um garoto.
Jamie Fields (Lucas Jade Zumann) é um adolescente que vive com sua mãe, Dorothea (Annette Bening), em Santa Barbara, Califórnia. Abbie (Greta Gerwig) é uma estudante de arte e feminista que aos poucos usa sua experiência de vida para passar conhecimento ao menino. Já Julie (Elle Fanning), tem uma forte conexão com Jamie, mas apesar de dormir juntos todos os dias, eles são apenas bons amigos.
O grande trunfo de 20th Century Women é dar um belo contexto da década de 1970, quando a violência não preocupava tanto. Pequenos detalhes que marcaram época (como a queda de Gerald Ford na saída do Air Force One ou o discurso da Crise de Confiança proferido por Jimmy Carter) ajudam a caracterizar não apenas a família, mas também o cotidiano estadunidense.
Bening é uma das atrizes mais versáteis do cinema mundial, mas o grande destaque é Greta Gerwig, em uma atuação de luxo (para mim a melhor coadjuvante de 2016). Sua personagem tem várias facetas, e Greta consegue transpor várias barreiras para levar ao público cada traço da personalidade de Abbie.
A indicação ao Oscar por roteiro original é merecida. Ao mostrar presente, passado e futuro, Mills adota uma visão teleológica, com cada personagem consciente de seu destino final ainda na década de 1970. Gostaria muito de ver mais discussões a partir das questões abertas por Mills, mas infelizmente a distribuição e a baixa bilheteria nos Estados Unidos devem prejudicar contratos internacionais.
NOTA: 7/10
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