É possível emocionar e divertir com um roteiro leve, mas muito equilibrado. O neozelandês Hunt for the Wilderpeople é a prova disso. Ao assistir o filme dirigido por Taika Waititi, lembrei-me de várias lembranças de longas positivos que exploram a mesma base estrutural (como On Golden Pond). O resultado é excepcional!
A história é uma adaptação de um livro do novelista Barry Crump, grandes nome da literatura de seu país. Ricky (Julian Dennison) é uma criança órfã que já passou por vários incidentes, desde a destruição de caixas de correio até pixação na rua. Ele é adotado por Bella (Rima Te Wiata) e Hec (Sam Neill) – muito por conta do desejo da mulher em cuidar de uma criança. O ‘delinquente’ – nas palavras da conselheira tutelar (Rachel House) envolvida no caso, aos poucos se interessa pelo local e pela vida na floresta, lugar de sua nova casa. Mas tudo é colocado à prova após Bella falecer e o governo mandar uma carta avisando que recuperaria a guarda da criança. Mesmo com uma certa estranheza, o durão Hec explora por várias semanas a vida nativa de sua região com a criança, criando um forte laço de companherismo.
Waititi construiu toda sua carreira em torno de interessantes comédias, e ele leva sua bagagem adquirida durante os últimos anos para apresentar ótimas sacadas em meio a cenas tensas (como a de um velório, ou mesmo em um momento que teoricamente sério). A construção dos personagens é deliocosa, com um real sentimento de progresso. Aos poucos ficamos íntimos de Hec e de Ricky, o que deixa aberta a possibilidade de interpretação das atitudes de cada um a partir de seus próprios contextos.
É justamente quando a narrativa propõe uma ruptura que somos levados a pensar na criação de um relacionamento simples e honesto, como apresentado aqui. A proposta de Waititi é levar um pouco da alegria do menino ao descobrir as novidades da vida na floresta ou do velho senhor ao se sentir útil ensinando a caçar ao seu espectador. Hunt for the Wilderpeople estreou em Sundance, neste ano, e teve distribuição limitada nos Estados Unidos e na Europa. Realmente espero que o lançamento em home video ajude na popularização do filme, pois é uma pequena pérola que merece ser vista e discutida.
NOTA: 7/10