O fiasco de Batman V Superman não passou despercebido: na internet, o meme Sad Affleck ganhou as páginas dos principais sites do mundo. Entre o público, a repercussão dividiu até mesmo os fãs da DC Comics. Não é segredo algum que o filme tem graves falhas de continuidade – tanto é que o próprio Ben Affleck reconheceu a necessidade de trabalhar muito no roteiro de Batman para não entregar mais uma experiência incompleta ao público. Como mencionei na crítica original, desde março a Warner sabia que o filme não tinha nem metade do impacto prometido – e logo após a estreia foi mencionada uma versão ‘do diretor’ (posteriormente conhecida como Batman V Superman Ultimate Edition). Conforme prometido, nesta crítica trato exclusivamente dessa versão ‘definitiva’. Com isso, também deixo uma óbvia nota de spoilers aos leitores.
Antes de mais nada, destaco que os minutos adicionais fazem toda a diferença, esclarecendo tópicos que foram esquecidos no filme (ou colocados de forma rápida). É claro que o filme acaba sendo comprometido por questões formais de continuidade (como a péssima utilização do nome das mães dos personagens para encerrar a grande batalha que foi alvo de uma propaganda intensa da Warner) – e também apresenta histórias secundárias pouco desenvolvidas. A versão ‘definitiva’, obviamente, não corrige esses casos, mas ameniza alguns absurdos apresentados. O estilo de ação proposto pelo diretor Zack Snyder ganha mais vida com os minutos adicionais – com cenas interessantes (como, por exemplo, a passagem inicial) e também com mais foco pessoal nos personagens (que amplia a participação de interessantes personagens, como o Lex de Jesse Eisenberg.
Aliás, a mais notória adição da versão definitiva está na forma como Lex Luthor manipula a mídia e os heróis do filme. Isso apenas ressalta o grande acerto do casting de Eisenberg, que entendeu perfeitamente a proposta de Snyder. A forma como as relações políticas envolvem Luthor – e como ele se aproveita delas para seu próprio bem – cria uma conexão ampla com toda a história, que pode não ser o esperado, mas está muito mais clara do que o corte que chegou aos cinemas.
Bruce Wayne e Clark Kent são mais explorados – no ponto de vista cotidiano. Não é apenas uma questão de mais tempo de tela, mas sim de qualidade. Também fica nítida que a adição foi benéfica para entender a fundo o posicionamento de June Finch e Alfred em temas que envolvem diretamente suas vidas.
A conclusão que tiro de tudo isso é que o grande problema de Batman V Superman foi sua péssima edição. Todos os buracos de roteiro e de direção apenas pioram o quadro geral. Zack Snyder trabalhará como executivo de todos os filmes da DC Comics a partir de agora – além de comandar os dois filmes da Liga da Justiça. Não tenho dúvida alguma de que essas falhas servirão como um profundo aprendizado. A versão definitiva deve agradar muito aos fãs que ficaram desapontados com o que assistiram no cinema. Mas para quem não gostou de questões estruturais do filme (seja a construção dos personagens ou o tom negro da fotografia), provavelmente a experiência será apenas mais longa.
* Para ler a crítica original, clique aqui.