The Ones Below inicia prometendo um suspense hitchcockiano. Mas a exagerada mão do estreante diretor David Farr acaba comprometendo o desfecho do longa – que não convence e irrita seu espectador pela incrível repetitividade.
Kate ( Clémence Poésy) e Justin (Stephen Campbell Moore) formam o casal perfeito. Altos salários, uma ótima residência e boas perspectivas futuras. Para eles, a coroação dessa ótima fase será completa com a chegada de seu bebê. Na mesma época, Jon (David Morrisey) e Teresa (Laura Birn) mudam-se para o piso de baixo de sua residência em Londres. Curiosamente, Teresa também está grávida. Mas as estranhas atitudes dos novos vizinhos começam a chamar a atenção de Kate e Justin.
Esta produção é um típico caso daquelas que anunciam muito mais do que podem entregar. A trilha sonora até que tenta gerar uma certa tensão, mas os diálogos soltos e sem nexo não permitem entender os hábitos cotidianos de ambos casais. Pior ainda é o fato de Farr propor, na metade final, esquecer completamente da sequência da sua trama, jogando tomadas completamente sem sentido, que desafiam o bom senso. Toda a narrativa é fácil demais – previsível e mastigada. No entanto, o toque é extremamente lento – e os noventa minutos de duração tornam-se tediosos com os mesmos atores pronunciando as mesmas frases no mesmo local. Erros de continuidade e edição apenas ressaltam a baixa qualidade.
O ‘grande mistério’ – se é que se pode dizer assim – na verdade é uma construção imaginária do próprio diretor. A decepção de The Ones Below ganha traços ainda piores na má atuação de Clémence Poésy – que vê seu potencial preso à uma personagem que nem ela consegue entender completamente. Farr certamente deve repensar seu estilo de direção e mirar uma identidade própria – sem querer prestar homenagens ou adotar um estilo muito diferente do que estava acostumado a fazer até então.
NOTA: 3/10