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Demolition – 2015

Como lidar com a perda de um ente querido? A resposta encontrada em Demolition, novo longa de Jean-Marc Vallée, talvez não seja repassada ao espectador da forma mais sútil, mas ainda assim é extremamente notória e eficaz.

Davis Mitchell (Jake Gyllenhaal) e sua esposa, Julia (Heather Lind), dirigem-se para um compromisso. Minutos depois, o carro em que os dois estavam é atingido por um caminhão. A motorista acaba morrendo por conta do traumatismo craniano enquanto Davis escapa sem um arranhão. Ao receber a notícia, ele tenta comprar um pacote de M&M’s em uma máquina mas o produto acaba ficando preso. Ao invés de chorar a morte de sua esposa, Davis pega o endereço da fábrica responsável pela manutenção e escreve uma carta pedindo reembolso. Mas, além do relato do caso, o homem passa a descrever suas emoções, seu relacionamento com sua mulher e sua visão de mundo. Após quatro cartas, Karen Moreno (Naomi Watts) – responsável pelo suporte ao consumidor da fábrica – decide entrar em contato para descobrir quem realmente era a pessoa que escrevia tais coisas. Ao mesmo tempo que os dois se aproximam, Davis passa a seguir o conselho de seu sogro, Phil (Chris Cooper), que sugeriu desmontar sua vida para visar uma reconstrução.

O componente emocional funciona bem para esse tipo de dramédia. Os cinco minutos iniciais deixam o público em um estado de apreensão, buscando entender como Davis iria agir depois de tamanha tragédia. Mas sua aparente falta de sentimentos –  nenhuma lágrima verdadeira sai de seus olhos – passa a chamar a atenção dos que estão ao seu lado. É o gancho que o diretor precisava para vender um personagem extremamente atípico.

A construção do roteiro é muito sólida. A demolição do título é demonstrada de forma visual e simbólica, a partir de um punhado de cenas em que Davis aparece destruindo um computador, sua geladeira e até mesmo sua casa. Ao mesmo tempo, é compreendendo a real noção da falta de Julie em sua vida que ele passa a assumir um comportamento diferente perante seus amigos, deixando de lado sua postura fria e profissional para contemplar o mundo como ele é, prestando atenção em pequenos detalhes.

Demolition confirma a excelente fase vivida por Gyllenhaal. Recentemente, suas atuações em EnemyNightcrawler e Southpaw apenas mostram toda sua genialidade. O ator tem uma facilidade impressionante de se adaptar aos mais variados estilos de diretores, e consegue tirar o máximo de cada roteiro – seja com entonações diferentes ou com expressões que demonstram a complexa personalidade dos seus personagens. E também curiosa a mudança de foco do diretor. Seus últimos dois filmes (Dallas Buyers Club e Wild) apostaram alto na história de superação pessoal. Neste caso, apesar do padrão do protagonista forte ser o mesmo, existe toda uma contextualização em volta de um sangramento interno que parece que pode ser contido pelo tempo. É por conta de tudo isso que a cena final de Demolition praticamente dividiu a audiência entre aqueles que entenderam a proposta geral com os que consideraram a trama fajuta.

Infelizmente a distribuição de Demolition foi comprometida pela Fox Searchlight – mesmo com a boa estreia  no Festival de Toronto do último ano. O resultado foi uma curta passagem pelos cinemas dos Estados Unidos e lançamentos pingados no mercado europeu. No entanto, o filme tem tudo para se consolidar como uma das principais opções desta temporada nos serviços de streaming – tanto pelo seu protagonista quanto pela direção caprichada de Vallée.

*Demolition está disponível na Amazon Video.

NOTA: 7/10

IMDb

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