Desde 1968, pelo menos um filme com forte teor político é lançado justamente no ano de eleição presidencial. Em 2016, os holofotes estavam voltados para 13 Hours: The Secret Soldiers of Benghazi(13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, no Brasil). No entanto, o diretor Michael Bay decidiu respeitar o livro homônimo escrito por Mitchell Zuckoff, que foi a base para a composição do roteiro, e nem sequer tratou sobre o papel do Departamento de Estado comandado por Hillary Clinton em um dos fatos mais estudados da política externa americana dos últimos anos. Disso tudo, surge uma grande questão: será que o filme foi concebido apenas para o entretenimento? Caso a resposta seja negativa, então por qual motivo o longa não levou adiante uma discussão necessária sobre a interferência dos Estados Unidos na Líbia e a subsequente falta de comunicação de Clinton e de seus auxiliares com o comando militar do Oriente Médio?
Jack Da Silva (John Krasinski) e seu parceiro Tyrone “Rone” Woods (James Badge Dale) acabam de chegar à missão da CIA na Líbia, que tenta se reconstruir após a revolução. No dia 11 de setembro de 2012, o posto americano em Benghazi é atacado por rebeldes – e junto de outros quatro atiradores, Jack e Rone tem a missão de proteger o Embaixador e os demais empregados do local.
Apesar de todas as ressalvas, não se pode deixar de lado a boa atuação de John Krasinski e cia. O filme tem ótimas cenas de troca de tiro e capta muito bem a tensão de um grupo de homens isolados em um país extremamente hostil em uma missão que sequer constava oficialmente nos registros da CIA. Como é de praxe – o diretor busca refúgio sentimental nas famílias dos agentes envolvidos, criando um campo para que o espectador se envolva ainda mais na história apresentada – especialmente o americano.
Por abordar um fato polêmico, que deve ser profundamente discutido no campo acadêmico somente após a liberação oficial dos arquivos – o que deve demorar alguns bons anos – 13 Hours diferencia-se por completo de American Sniper. Clint Eastwood não teve dificuldade nenhuma em elencar um herói e vários vilões em sua história – mas Bay, justamente por não querer ser demasiado político, monta sua narrativa com um grande foco na ação. Ou seja, temos aqui dois casos típicos de História do Tempo Presente. Enquanto uma produção já fixa suas bases, a outra deixa tudo aberto, e não aponta culpados. O fato é que o cinema, como ferramenta que é, tem o papel não só de informar e contextualizar, mas também de tomar partido. E essa pegada em cima do muro, de não querer criticar – independente do certo ou errado – que incomoda.
Mas não tenha dúvidas: em nenhum momento Bay pensa em questionar a legitimidade da missão americana na Líbia, nem mesmo o impacto no final da ditadura de Muammar Gaddafi. As várias tomadas de exaltação à bandeira dos Estados Unidos e tomadas no mínimo questionáveis sobre a moral estadunidense tornam o filme duro de engolir para o espectador externo – ou mesmo para o americano mais crítico.
NOTA: 6/10
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