O sucesso extraordinário de Ali G deu a Sacha Baron Cohen um espaço ímpar no Reino Unido. Não demorou muito para Borat, definitivamente seu personagem mais engraçado (por conta de seus trejeitos estranhos), ganhar um filme – indicado ao Oscar de melhor roteiro em 2007 e reverenciado pelo estilo impactante de gravação. Desde então, Sacha luta para manter o alto nível dentro da comédia: Brüno (2009) teve seus bons momentos, e The Dictator não agradou executivos e fãs do ator. Infelizmente, Grimsby (Irmão de Espião, no Brasil) é o ponto mais baixo da carreira de Cohen, com um filme completamente desnecessário que seria melhor introduzido como uma versão sem sal de Johnny English.
A história é simples: Nobby (Cohen) — é um torcedor inglês que espera pela oportunidade de rever seu irmão, Sebastian (Mark Strong), após quase três décadas sem contato. No planejado reencontro, Nobby descobre que ele é um espião do MI6 e que o mundo corre risco já que um grupo terrorista planeja lançar uma arma química na final da Copa do Mundo, no Chile.
Grimsby tenta se consolidar como um filme típico da filmografia de Cohen, abusando das piadas que buscam explorar a sexualidade. Neste sentido, fica evidente que o alto número de escolhas erradas adotadas neste longa tem relação direta com a falta de Larry Charles (parceiro dos três últimos filmes de Cohen) na cadeira da direção. O francês Louis Leterrier apresenta um produto pouco polido, com confusão até mesmo em tomadas simples.
A expectativa gerada em torno de Grimsby era de uma produção com um toque de mockumentary, ou seja, fazendo graça com pessoas reais (ou que ao menos desse essa impressão ao público). A decisão de misturar um filme de ação e dois personagens tão distintos requer uma grande decisão – que é tomada a partir dos trinta minutos: tomar Grimsby como uma comédia real ou deixar os erros de lado para ‘prestigiar’ o estilo pastelão? Mesmo para quem busca apenas um punhado de gargalhadas com cenas engraçadas, tenho sérias dúvidas de que tal objetivo será alcançado na versão lançada nos cinemas, especialmente para quem espera algo próximo de Borat.
No geral, a trama dos irmãos é inegavelmente chata – até mesmo para os breves oitenta minutos de rodagem. A Copa do Mundo de 2016 (?) e os flashbacks que buscam entrar na infância de Nobby e Sebastian não são claros, e buscam contextualizar uma relação que poderia ser descrita apenas com palavras e gestos. Nada salva Grimsby, um verdadeiro fiasco que ainda tem a coragem de propagar piadas xenofóbicas e tem o mau gosto de brincar até mesmo com a AIDS.
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NOTA: 2/10